Opinião: Trens do metrô parados, passageiros apertados


17/05/2016 17:03 | José Zico Prado*

Compartilhar:


Há anos os usuários do metrô de São Paulo padecem com rotinas de desconforto, insegurança e assédio sexual em consequência da falta de investimentos e ações do governo Alckmin na área do transporte e mobilidade.

A falta de expansão da malha metroviária tem causado vários transtornos aos usuários; muitos precisam esperar várias composições até conseguir entrar num trem, atrasando a viagem, outros esperam em longas filas para conseguir atingir as plataformas das estações.

Podemos tomar como exemplo a Linha 3 Vermelha (Corinthians-Itaquera/Palmeiras-Barra-Funda), que faz a ligação da zona leste com a região oeste da capital, segundo dados da Comunidade de Metrôs (Comet), que reúne os 11 maiores sistemas do mundo, e constou como a mais cheia do mundo. A lotação nessa linha chega a oito passageiros por metro quadrado, sendo que o aceitável são seis e o ideal, quatro.

Essa situação cotidiana de desconforto, somada a frequentes atrasos e panes, já provocou momentos de tensão, com a população abrindo as portas dos vagões e seguindo a viagem nos trilhos, provocando situações de perigo e de desgaste físico e emocional.

Sem falar no assédio sexual de que as mulheres são vítimas, tema que ocupa as redes sociais diariamente, já foi noticiado pela imprensa e que tem sido denunciado pelos deputados estaduais do PT, na Assembleia, que cobrou do governo Alckmin ações efetivas no combate a essa violência contra as mulheres.

Mesmo com essa situação de penúria nos serviços, o metrô, na gestão do governo estadual de São Paulo, se dá ao luxo de ter 46 trens novos e nove reformados, no total de 55 composições, estacionadas nos seus pátios, sem prestar qualquer serviço à população.

No final deste ano o número de trens novos parados pode chegar a 66 e provavelmente o governo estadual vai ter de pagar multa pela não utilização dos 15 trens da operadora privada da Linha 4 Amarela.

Provavelmente recairá aos cofres públicos pagar milhões de multas pela ineficiência, falta de planejamento, inoperância da administração do governo Alckmin que trata com descaso o problema de superlotação do metrô de São Paulo.

O dinheiro do contribuinte será jogado fora, só beneficiando o consórcio privado, sem nenhuma contrapartida de expansão ou melhoramento da qualidade do serviço. Os 46 novos trens parados, junto com os nove reformados, dariam para transportar mais de 1 milhão de passageiros por dia; o equivalente à Linha 1 Azul do metrô, que representaria um aumento de 25% da capacidade de transporte da companhia.

Esses trens custaram muito caro ao povo paulista, passa da casa do bilhão o dinheiro gasto com a compra deles, que além de não estarem servindo ao usuário, que viaja em composições superlotadas, ainda estão no relento, perdendo a garantia e enferrujando, por estarem parados.

O colapso do metrô de São Paulo é frequentemente denunciado e cobrado pela Bancada do PT na Assembleia, que aponta o quanto é caro, prejudicial e compromete a qualidade de vida da população paulista a morosidade do governo Alckmin na realização das obras do metrô.

A sociedade paulista paga um preço muito alto pela omissão e incompetência do governador Geraldo Alckmin, que há tempos mantém em marcha lenta as obras do metrô. O problema é agravado com a destinação do dinheiro que deveria ser usado para sanar as questões e dar celeridade à expansão e melhoria do sistema, mas que tem sido escoado pelo ralo, com o pagamento de multas pelos atrasos.

*José Zico Prado é deputado estadual pelo PT e líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa.

alesp