Opinião: Hospitais: fechados por que?


23/05/2016 17:31 | Abelardo Camarinha *

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O Sistema Único de Saúde, SUS fechou 23,6 mil leitos em dez anos. Assistimos pela televisão mães darem à luz nas calçadas, pessoas morrerem de infarto em frente aos hospitais, idosos e crianças que esperam quatro ou cinco horas nas filas nos hospitais, de norte a sul no país. Há informação de que o maior volume de redução dos leitos atingiu a população que depende do SUS, principalmente nas áreas de obstetrícia, psiquiatria, pediatria e cirurgia geral. Esses são dados insuspeitos, pois são provenientes de levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), cuja base foi o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Esses números significam uma queda de quase 24 mil leitos de internação na rede pública, o equivalente ao fechamento de 13 leitos por dia.

Como consequência, os efeitos são dolorosos e nefastos para a camada mais humilde do povo e aqueles que usam, de maneira geral, o sistema público de saúde. As consequências podem ser constatadas com os casos de mortes que poderiam ser evitadas com menos filas nos hospitais e mais eficiência nos atendimentos aos pacientes.

Casas de saúde, hospitais e Santas Casas fecharam as portas, piorando ainda mais a situação do usuário. Tudo leva a crer que a falta de critério e de priorização do governo federal nos últimos anos, que seguiu destinando poucos recursos para a saúde e ainda fazendo cortes no orçamento, levou o sistema público de saúde ao caos. O resultado é o profundo sofrimento, dor e lágrimas dos brasileiros que adoecem, em todas as regiões do país. Segundo o CNES, 220 hospitais foram fechados nos últimos dez anos por falta de apoio e incentivo, bem como da falha no reajuste da tabela SUS.

Os constituintes que aprovaram a "Constituição Cidadã" de 1988, estabeleceram que os municípios devem investir 15% do orçamento em saúde, os estados 12%, mas não indicaram um percentual para a União. A realidade hoje é que muitas cidades gastam até 30%, estados até 15% e União pouco mais de 4% ou 5%, o que provoca todo este transtorno e sofrimento.

A cada dez cidades, nove não têm UTI. No entorno de Marília existem cidades com boas estruturas e até com bom poder aquisitivo, mas, por falta de aparelhamento, dependem das instituições marilienses.

Em contraste ao caos da saúde, o governo federal paga R$ 500 bilhões de juros ao ano aos banqueiros e "empresta", por meio do Banco do Brasil, Caixa e BNDES, R$ 300 bilhões ao ano às famílias e empresas mais abastadas da nação. Enquanto isso a população que usa e precisa do SUS sofre e até morre por falta de atendimento e estrutura do sistema. É preciso lembrar que governar é eleger prioridades

*Abelardo Camarinha é deputado estadual pelo PSDB

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