Opinião - Um sonho interrompido


02/12/2016 17:40 | Chico Sardelli*

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São muitos os porques que rondam nossa mente diante do maior acidente aéreo da história do esporte brasileiro e do jornalismo esportivo, com a morte de 71 pessoas, incluindo jogadores do time de futebol Chapecoense, delegação, jornalistas, radialistas e tripulação. Alguns esclarecimentos sobre a queda do avião nas montanhas de La Únion, a cerca de 30km do aeroporto de Medellín, nesse 29 de novembro, certamente serão feitos após análises técnicas, mas muitas outras questões sobre esses tipos de tragédias, sobre a vida e a morte, as culpas ou falhas, acabam ficando sem resposta.

O time da Chapecoense viajava para a Colômbia para a disputa da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, equipe da cidade colombiana. A tragédia interrompeu um sonho e os sentimentos de alegria que fluíam da cidade catarinense de Chapecó, que torcia pela conquista do título da Copa Sul-Americana. O Brasil torcia por essa vitória.

A Chapecoense ganhou destaque nos últimos cinco anos por sua trajetória, por ter subido da Série D do Campeonato Brasileiro para a elite nacional. Mesmo tendo perdido o jogo para o Palmeiras, no domingo, dia 27, os olhos do time de Chapecó já miravam a final na Colômbia. Após a partida, que garantiu ao Palmeiras o título de campeão brasileiro, uma demonstração muito bonita de carinho entre os jogadores e torcedores "verde e branco", e o grito de incentivo "Força, Chape" ecoava no estádio.

Não consegui conter a emoção na noite de quarta-feira, dia 30, diante das imagens das homenagens póstumas feitas em Chapecó e em Medellín, às vítimas desse desastre. No mesmo horário em que era para acontecer a partida, os estádios do Chapecoense e do Atlético Nacional ficaram lotados de pessoas vestidas de branco ou com a camisa do time e com uma vela branca ou lanternas em símbolo de solidariedade.

Sou um apaixonado por futebol e por esportes em geral, como milhões de brasileiros, mas diante dessa grande tragédia vemos a manifestação de união e de solidariedade da nação brasileira, não importando quem gosta ou não de futebol e qual é o nosso time do coração. Sinto orgulho por sermos um país solidário e generoso.

Muitos clubes brasileiros já anunciaram medidas solidárias para reconstrução da Chapecoense. Times internacionais também se manifestaram com mensagens de condolência e oferecendo ajuda. O papa Francisco, líder da Igreja Católica, enviou uma mensagem referindo-se à dor do povo brasileiro pela tragédia com o clube catarinense.

Reverencio a todos os que se foram, na figura fraternal do amigo Caio Junior, que tive o prazer de conhecer quando de sua passagem pelo Rio Branco Esporte Clube de Americana. Um homem íntegro, um grande jogador e técnico.

Não reconheço isso agora, por sua partida, mas reconhecia seu valor aos nos darmos as mãos quando nos encontrávamos. Ele era dessas pessoas que atraía admiradores e amigos.

Choramos por aqueles que partiram, por seus familiares e amigos que ficaram, pedindo a Deus que amenize a dor dos seus corações. Que as lembranças boas sejam maiores e prevaleçam em relação a esses momentos de dor. Força Chape!

*Chico Sardelli é deputado estadual (PV) e vice-presidente regional da Federação Paulista de Futebol

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