Opinião - Produção industrial brasileira continua em queda


13/02/2017 17:12 | Welson Gasparini*

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Dados relativos à Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM-PF), divulgados no último dia 31/1 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam: a produção industrial brasileira, pelo terceiro ano consecutivo, registra taxa negativa, com queda de 6,6%. Um recuo, de qualquer forma, menor do que o verificado em 2015 quando, em relação a 2014, foi de 8,3%. São dados inquietantes porque revelam como tende a ser difícil o Brasil recuperar, a curto prazo, os empregos perdidos.

Apesar dos sucessivos números negativos nas taxas anuais, em dezembro do ano passado a produção industrial nacional cresceu 2,3% em relação ao mês anterior " neste caso, na série livre de influências sazonais. O resultado de dezembro é a segunda taxa positiva consecutiva, acumulando nos dois últimos meses de 2016 expansão de 2,6%.

Esses dados mostram que as taxas anualizadas (indicador acumulado nos últimos 12 meses) permaneceram com o ritmo de queda iniciado em junho de 2016 (-9,7%). Os dados indicam ainda que, em relação a dezembro de 2015 (série sem ajuste sazonal), houve queda de 0,1%, a 34ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação, mas a menos intensa da sequência.

Os índices do setor industrial foram também negativos tanto para o fechamento do quarto trimestre de 2016 (-3,1%), quanto para o acumulado do segundo semestre do ano (-4,2%), as duas comparadas em relação aos mesmos períodos do ano anterior.

Vivemos, lamentavelmente, um círculo vicioso, tendo origem na queda do poder aquisitivo do consumidor; sem grana para comprar supérfluos, o cidadão limita-se ao essencial e, com isto, as vendas caem, o desemprego aumenta; com o aumento do desemprego o poder aquisitivo do desempregado, por uma questão lógica, é reduzido a zero. Como pode um cidadão desempregado solver seus compromissos essenciais? Como sustentar-se e aos seus?

O desemprego, não canso de repetir, é a grande chaga social brasileira; recebo, em meu gabinete, dezenas de currículos de pessoas capacitadas, disponíveis para o trabalho, mas não tenho como empregá-las porque inexiste a disponibilidade de vagas... Fico, assim, apesar da minha boa vontade em encaminhar tais currículos e referendá-los, de mãos atadas.

A retração nas atividades econômicas é sentida em todos os segmentos empresariais: na indústria, no comércio, na prestação de serviços e também na agricultura. O empreendedor, por outro lado, é desestimulado pelo próprio custo do dinheiro; os juros praticados no Brasil funcionam, assim, como verdadeiros entraves ao empreendedorismo.

Essa realidade triste só será alterada com a volta dos empregos, mas, para os empregos voltarem, são necessários investimentos e estes dependem, entre outros fatores, da redução dos encargos trabalhistas, das taxas de juros e, sobretudo, da carga tributária...

*Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB

alesp