Congresso discute representatividade étnica no mercado cosmético


22/05/2017 18:13 | Larissa Leão

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Nesta segunda-feira, 22/5, foi realizado na Assembleia Legislativa o 4º Congresso de Cabelo e Ciência, uma iniciativa da empresa INOAR, com o objetivo de discutir a representatividade étnica e o direito à individualidade no mercado de cosméticos.

O encontro reuniu os estudos mais recentes da área capilar e abordou o tema "Beleza Democrática" como gancho para debater a representatividade. Uma prática que permite que as pessoas possam se ver e se sentir partes de uma comunidade e da sociedade.

Em virtude disso, a influenciadora digital Fernanda Ferreira, que possui um blog chamado "Dicas da Fê", ressaltou sua história de vida e destacou o bullying que ela sofreu em relação ao seu cabelo. "Negra, da periferia e do cabelo crespo", assim ela se definiu. Em razão disso, Fernanda conta seu processo de aceitação e suas conquistas. A internet foi sua voz para levar para as mulheres a como cuidar do seu cabelo, dicas de moda e maquiagem.

Durante o evento, a idealizadora do Projeto 60 Anos no Facebook, Claudia Grande, destacou que a indústria não anuncia produtos para as pessoas acima de 60 anos. "Nós nos orgulhamos de ter essa idade e percebemos a necessidade de produtos voltados para nós", diz Claudia. O projeto tem como finalidade dar sugestões de beleza, viagens, saúde, lazer, moda e decoração e dialogar com os seguidores para chegar aos 60 anos mais leve de corpo e alma. "Tenham orgulho, fiquem felizes com a idade de vocês", incentivou Claudia.

Em relação ao consumo, levantaram questões como "o homem é consumidor igual a mulher." Além disso, a necessidade de ter mais homens e mulheres negros de cabelos cacheados e crespos atuando em propagandas para contribuir para a representatividade. A representante da INOAR, Ana Yasille fala que a marca estudou os perfis para que todos sejam representados. "Estamos atentos com as curvaturas e precisamos ir além", destacou Ana.

A criadora da revista Ébano Brasil, Luana Safire, ressaltou o tema educação e racismo. "O preconceito está voltado para a educação", explica. Luana ainda acrescenta que a educação começa com as crianças, dentro da escola. "O negro pode ser quem ele quiser. O seu cabelo é a sua libertação", destaca Luana, que complementa dizendo que a transição do cabelo é um processo de aceitação do indivíduo.

Em relação à identidade de gênero, a professora de inglês da Escola Cultura Inglesa Laura Zorta, contou sua história e como foi esse processo para entender que ela não era um garoto gay, mas uma mulher transgênero. Para ela, faltam oportunidades para as pessoas no meio de trabalho. Sobre quando Laura se aceitou, explica: "tive liberdade para ser quem eu era". Além disso, destaca a importância do respeito ao próximo. Segundo ela, seu sonho "é ver um mundo onde credo, raça, orientação sexual e visão política não sejam fatores de segregação."

O encontro promoveu uma história de superação em relação à inclusão social. Daniele Montes é atleta de crossfit e conquistou o 1º lugar no ranking do Brasil. Ela nasceu com má formação congênita e desde pequena teve de enfrentar preconceitos em seu ciclo de amizades e dentro de sua casa. Daniele aprendeu a se aceitar e mostrar que não há limites para ser feliz e conquistar seus objetivos.

Para finalizar o Congresso, apresentaram-se duas palestras: uma sobre Cosméticos Personalizados, proferida por Valéria Longo, e outra sobre Tendências de Beleza, por Fernanda Corrêa, da empresa Beraca Ingredientes Naturais.

alesp