Entrevista com o deputado Gilmaci Santos


06/06/2017 19:20 | Da redação - Foto: Raphael Montanaro

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Gilmaci Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203345.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Gilmaci Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203346.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Gilmaci Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203347.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

"O Brasil vive um momento difícil na política em todos os sentidos, e isso acaba refletindo na Assembleia Legislativa", diz o deputado Gilmaci Santos (PRB). Em sua entrevista para o Mandato em Pauta, ele afirma que muitos projetos foram apresentados nos últimos dois anos, mas boa parte foi vetada pelo governo estadual.

Santos defende a harmonia e independência dos Três Poderes, para que os projetos de interesse dos deputados e do governador possam ser colocados em discussão e sejam aprovados com mais agilidade.

No terceiro mandato, o parlamentar associa a sua atuação política ao diálogo com a sociedade. "Com base nas dificuldades da população, nós procuramos levar essas necessidades para o governo", diz.

Ele lembra que, durante os dois anos em que está no cargo, visitou mais de 100 cidades no Estado de São Paulo e procurou ouvir e buscar soluções para as demandas apresentadas pelos municípios.

Carreira política

Nascido em Dourados, Mato Grosso do Sul, Gilmaci Santos veio para São Paulo com 11 anos e começou a trabalhar no setor do comércio varejista. Desde 1987, atua com o apoio às comunidades carentes, sobretudo na região Oeste do Estado.

Santos explica que esta experiência foi o motivo para ingressar na vida política. Ele tentou, por duas vezes, a candidatura como vereador em Cotia, mas acabou sendo eleito deputado estadual em 2006, com 65.188 votos. Na última eleição, em 2014, teve 103.127 votos.

O deputado afirma que representa a Igreja Universal do Reino de Deus no parlamento. Para ele, se não fossem os votos da instituição, não teria sido eleito.

Trabalho social e juventude

"Pelo menos uma vez por mês visito as comunidades carentes. Acredito que na maioria das vezes falte apenas um incentivo para melhorar a vida de um indivíduo. O meu papel é mostrar que esta população precisa ter os seus direitos respeitados", declara.

O parlamentar busca envolver os jovens no meio político. Ele defende uma maior participação deles nas eleições, seja como eleitores ou candidatos. Para Santos, a juventude brasileira não deve apenas criticar a situação atual do Brasil, mas apontar soluções para a crise.

Ele também indica que há uma falta de movimentos estudantis com empenho. "O grupo de "black blocs" não pode ser considerado uma ação estudantil, pois representa desorganização e bagunça. Sugiro criar movimentos inteligentes dentro da política, com pessoas conscientes", diz.

Sobre o combate às drogas, Gilmaci Santos acredita que pode ajudar nesta luta. "Os deputados devem propor legislações neste sentido e se fazerem presentes com as ONGs, sociedade civil organizada e igrejas para conscientizar a população", diz.

Leis e projetos

Há 11 anos no parlamento paulista, o deputado Gilmaci Santos destaca as propostas apresentadas que merecem destaque. A Lei Estadual 13.835/2009, que obriga os fornecedores de serviços a disponibilizar nas faturas o endereço completo de suas instalações comerciais, para diminuir os conflitos com empresas e aproximar o consumidor do fornecedor, resultou de projeto de sua autoria.

Outra lei importante, segundo ele, é a que proíbe a revista íntima dos visitantes nos estabelecimentos prisionais do Estado. "Pela proposta, os procedimentos só devem ser realizados em razão de necessidade de segurança e serão efetuados com respeito à dignidade humana", declara.

O Projeto de Lei 131/2016 busca instituir a campanha "Abril Marrom" para prevenção e combate às diversas espécies de cegueira. Santos afirma que criou o projeto depois que a filha de um amigo ficou doente. "Dentro de 15 dias ela ficou cega de um olho, mas posteriormente foi possível realizar uma operação e a jovem teve sua visão restaurada", diz.

O caso o deixou curioso: por meio dele, foi pesquisar sobre os sintomas apresentados e notou que grande parte da população tem problemas de visão muito sérios.

De acordo com dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual. Dentre elas, 582 mil são cegas e 6 milhões têm baixa visão.

Santos também lembrou quando descobriu que não há fila de espera para transplante de córnea. "Há [córneas] sobrando nos bancos. Muitas pessoas com dificuldades visuais não são diagnosticadas, não recebem o tratamento correto e acabam perdendo a visão", diz.

O deputado defende que é preciso realizar uma campanha de conscientização para que mais pessoas possam fazer os exames e, caso precisem de transplante, tenham a possibilidade de realizar a cirurgia.

Cenário político

Em meio a grandes escândalos e descrença da população com a política brasileira, Gilmaci Santos sugere que os políticos atuais devem reconhecer "que não são os donos da razão, e sim representantes da população". Para ele, as pessoas no poder "perderam os limites, acharam que podiam fazer tudo e que nunca teria consequência".

O deputado defende uma renovação e aponta o parlamentarismo como uma solução para a crise política. Segundo ele, seria possível uma fluidez maior nos cargos, "vem o Primeiro Ministro, dissolve o Congresso, chama eleições e renova tudo", diz.

Ele também fala sobre a falta de informação da população. "O povo não vai a fundo para saber da realidade". Para Santos, a única solução para este problema deve partir da educação.

alesp