Do front ao armistício: Cruzeiro, a Capital Estadual da Revolução Constitucionalista
07/07/2023 18:33 | Especial - Capitais Temáticas | Juliano Galisi, sob supervisão de Cléber Gonçalves



Com pouco mais de 80 mil habitantes, é um pacato município do interior paulista. De acordo com o Sistema Estadual de Análise de Dados (Saede), mais de 90% da produção agropecuária do local consiste nas explorações de leite de vaca, tomate e banana. Ao pesquisar pelo município em um mecanismo de busca, é preciso especificar que falamos de Cruzeiro, cidade em São Paulo, e não Cruzeiro, time de futebol de Minas Gerais.
Mal parece, mas Cruzeiro é uma das localidades mais importantes para a história do Estado de São Paulo. A Lei Estadual nº 9.497/1997 institui o 9 de Julho como data magna paulista - Cruzeiro, por sua vez, é reconhecida como Capital Estadual da Revolução Constitucionalista, nos termos da Lei nº 13.203/2008.
Se a Revolução Constitucionalista ocupa espaço de destaque na memória coletiva da população paulista, a lembrança dos meses de conflito é ainda mais viva entre os habitantes de Cruzeiro. A localização geográfica garantiu ao local um posicionamento estratégico durante os meses de guerra em 1932.
Posição estratégica
Cruzeiro está coração do Vale do Paraíba, ao lado da divisa paulista com Minas Gerais e próximo à divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro. Wesley Santana, professor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, assinala que, além de rica e geograficamente crítica, a região tinha suma importância em termos de estratégia militar.
"O Vale do Paraíba é uma área tradicional da produção de café. (...) É uma região próxima ao Rio de Janeiro, que era a capital federal. É uma região montanhosa, e há estratégias militares de várias vertentes para lidar com o relevo", destaca Santana.
Paulistas e mineiros
Entre as histórias sobre o conflito passadas de geração em geração, um espaço se repete: Túnel da Mantiqueira. Trata-se de uma conexão ferroviária, até hoje operante, entre Cruzeiro, São Paulo, e Passa Quatro, em Minas Gerais. Durante os quatro meses de embate entre tropas paulistas e federais, foi um dos palcos mais violentos da guerra.
Ainda mais porque, à eclosão da revolta, os constitucionalistas esperavam por um apoio de Minas Gerais que acabou não se confirmando. "Os paulistas se sentiam traídos pelos mineiros", diz Santana, que pontua ainda sobre o disparate entre o poderio militar de cada um dos lados envolvidos no embate.
O professor relembra uma história do pai de seu sogro, que esteve no front do Túnel da Mantiqueira. "Eles, os paulistas, completamente desarmados, e os mineiros com apoio do governo federal. Ele usava uma matraca para enganar os mineiros, para as tropas federais acharem que tinha uma metralhadora", afirma Wesley.
O horror da guerra
Aparentemente cômica, o disparate de forças gerou consequências trágicas. Vagner Gonçalves Pires, advogado hoje radicado em Santo André, no Grande ABC, tem raízes familiares em Cruzeiro. Os relatos de avós e tios, que viveram a Revolução Constitucionalista, perpassaram as gerações da família e chegaram ao seu conhecimento.
"Durante a guerra, no período da noite, colocavam os corpos dos soldados [abatidos] nas portas e, no dia seguinte, passava um carroceiro para recolher e enterrá-los", diz Pires.
Vagner relembra que o avô paterno era, justamente, maquinista da estação ferroviária de Cruzeiro. "A situação era difícil para eles", conta o advogado.
Armistício
De um lado, armas e apoio logístico do governo federal; de outro, matracas que emulavam barulho de metralhadora. Os paulistas resistiram por quatro meses, mas o conflito era mesmo desproporcional.
Em 2 de outubro, o armistício que cessou o conflito foi assinado no próprio município de Cruzeiro, mais precisamente na Escola Arnolfo Azevedo, no centro da cidade. O colégio, vale dizer, vinha servindo como quartel-general das forças de São Paulo.
O nome
Cruzeiro, a cidade, já era Cruzeiro muito antes de ser fundado, em 1921, o Palestra Itália, que só viria a mudar de nome 21 anos depois.
A origem do nome do município é difusa. Diz-se que, naquelas terras, mais especificamente no alto da serra, havia um marco em formato de cruz que assinalava a divisa entre as províncias de São Paulo e Minas Gerais.
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