A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, nesta segunda-feira (8), uma audiência pública para discutir a realidade do câncer no território estadual. O evento ocorreu no auditório Teotônio Vilela e foi solicitado pela deputada Solange Freitas (União).

Vítima de um câncer de mama em 2021, a parlamentar descobriu o tumor ainda em fase inicial e foi tratada por intermédio do seu plano de saúde. "Quero que outras mulheres tenham a mesma oportunidade que tive para chegar à cura", afirmou, destacando a importância da celeridade na detecção e tratamento da doença através da rede pública.

Profissionais ligados à área participaram da audiência, discorreram sobre o tema e apresentaram fatores relevantes na criação de políticas públicas para combater a doença.

Entre os participantes estavam o diretor da Fundação Oncocentro de São Paulo, Victor Wünsch Filho, a presidente fundadora do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, a diretora executiva da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e representante da Instituição Hebe Camargo, Marisa Madi, o presidente da Associação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Combate ao Câncer, Pascoal Marracini, e a secretária-executiva da Saúde do Estado de São Paulo, Priscilla Perdicaris.

Fatores de risco

Victor Wünsch Filho salientou a necessidade de realizar programas de prevenção e prevenção secundária, quando o câncer já é existente, mas a descoberta é feita ainda nos estágios iniciais, quando o paciente ainda é assintomático.

Pensando em prevenção, campanhas de conscientização sobre os fatores de risco são caminhos consideráveis para orientar a população. "O tabagismo é a principal causa de câncer e essa é uma história de sucesso que temos no Brasil. No final do século passado, a prevalência de fumantes era algo em torno de 35%. Com o trabalho [de conscientização] realizado, estamos hoje com uma taxa de 10%", afirmou o professor.

Wünsch também mencionou a problemática do aumento no consumo de bebidas alcóolicas e sedentarismo no país. Ambos os comportamentos, salientou, podem atuar como agentes causadores de câncer.

Quando o assunto é prevenção secundária, a alta cobertura dos serviços de saúde que oferecem exames preventivos e agilidade no tratamento possuem grande capacidade de aumentar a sobrevida de portadores de neoplasia maligna.

Rede Estadual

Priscilla Perdicaris apresentou dados sobre a rede estadual de saúde e falou sobre medidas do Governo de São Paulo para ampliar a qualidade dos serviços oferecidos.

Alguns dos principais objetivos da secretaria, reforçou, são a priorização de casos onde existem sinais e sintomas sugestivos de câncer e o cumprimento das leis dos 30 e 60 dias, que estabelecem os prazos a serem seguidos, em casos de suspeita e confirmação da doença.

Priscilla relatou o aumento de recursos destinados à oncologia e também às ações tomadas para otimizar essa verba. "Temos a novidade do Hospital Estadual da Rota dos Bandeirantes, que também vai ter um apelo forte na parte de oncologia, muito similar ao Hospital Mário Covas", anunciou a secretária-executiva.

Entre os desafios pontuados pelo Governo estão o déficit de oferta de radioterapia, o tempo de espera entre o diagnóstico e o início do tratamento e o monitoramento do uso de recursos.

Assista ao evento, na íntegra, na transmissão feita pela TV Alesp: