Em audiência, especialistas debatem sobre miastenia, doença rara marcada por fraqueza muscular
03/12/2025 18:00 | Saúde pública | Da Redação - Fotos: Bruna Sampaio
Uma audiência pública sobre miastenia, doença rara e sem cura, realizada nesta quarta (3) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, expôs os principais desafios enfrentados pelos pacientes. A enfermidade afeta a comunicação entre nervos e músculos e manifesta-se de duas formas: autoimune adquirida (90% dos casos) e congênita. Especialistas convidados pelo deputado Vitão do Cachorrão (Republicanos) e pela Associação Brasileira de Miastenia (Abrami) explicaram que a condição provoca fraqueza muscular flutuante com sintomas que variam ao longo do dia ou no decorrer dos anos.
Na abertura do evento, Vitão do Cachorrão destacou a relevância do trabalho voluntário na defesa de direitos básicos das pessoas com miastenia, sobretudo no acesso ao diagnóstico precoce. Segundo ele, movimentos como o da Abrami abrem espaço no Poder Público para "fazer essa doença rara mais conhecida" e incentivar a pesquisa científica sobre o tema. Ao lamentar a ausência de representantes da Secretária Estadual de Saúde na audiência, o deputado afirmou que as autoridades precisam ouvir e aprender com os pacientes, "porque ninguém sabe mais do que quem sente na pele".
A presidente da Associação, Andréa Maria de Oliveira, afirmou que a natureza invisível da miastenia dificulta o reconhecimento social da condição neurológica. "Ninguém está percebendo que temos alguma deficiência, porque ela não aparece", disse. Ela acrescentou que a fadiga e a fraqueza típicas da doença são, muitas vezes, confundidas com preguiça. Ela elogiou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a miastenia, publicado em 2010, mas ponderou que medicamentos essenciais ainda não foram incorporados ao tratamento pelo Ministério da Saúde.
Variabilidade clínica
Ao discorrer sobre a miastenia autoimune adquirida, o neurologista Marcelo Annes sublinhou a variabilidade dos sintomas. "O paciente pode acordar assintomático, mas fatores como calor ou fadiga podem desenvolver diversos sintomas", explicou. Segundo o médico, as manifestações vão desde sinais oculares - como pálpebra caída - até dificuldade para falar e engolir, fraqueza generalizada e, em casos extremos, crise miastênica. O especialista ainda criticou a burocracia no tratamento, citando exigências como a repetição de exames para a renovação de medicamentos.
Forma hereditária
A neurologista Beatriz Carneiro apresentou a forma hereditária da miastenia, que ocorre por mutações genéticas. A especialista alertou para a importância de identificar o gene afetado através de testes genéticos, tendo em vista que a medicação usada na forma autoimune pode não ter efeito nos casos congênitos. Ela explicou que, embora seja tratável, a miastenia congênita exige terapias individualizadas e que o reconhecimento precoce e a orientação genética adequada são decisivos para um melhor prognóstico e para otimizar o acompanhamento multidisciplinar necessário a esses pacientes.
Pessoas com miastenia
Diagnosticada com miastenia há oito anos, a influenciadora digital Carla Prata relatou que a primeira dificuldade enfrentada foi a ausência de informações seguras. Ela sugeriu que os deputados da Alesp atuassem para mudar esse cenário, já que muitas pessoas acreditam que receber um diagnóstico de uma doença rara significa o fim da vida. Para ela, contudo, o diagnóstico transformou-a em "uma pessoa mil vezes melhor".
Entre os pacientes com miastenia que participaram da audiência pública na Alesp estava a fundadora da Abrami, Lídia Costa, diagnosticada aos seis anos de idade. Ela contou que, graças ao atendimento carinhoso recebido de médicos e familiares, não desenvolveu traumas, mesmo diante do diagnóstico precoce. A criação da Associação ocorreu em 4 de dezembro de 1984, em meio a uma crise marcada pela falta de um medicamento utilizado no tratamento da doença naquela época.
Assista à audiência, na íntegra, na transmissão da Rede Alesp:
Notícias relacionadas
- Aumento do tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos é tema de debate sobre prevenção na Alesp
- Audiência pública na Alesp pede mais transparência e agilidade no Sistema Cross
- Frente Parlamentar da Cannabis medicinal faz balanço de atendimentos no SUS e anuncia emendas
- Julho Dourado: Alesp atua em defesa da saúde dos animais e prevenção de zoonoses
- Dia Nacional da Vacinação: imunização é a principal arma na luta contra epidemias
Notícias mais lidas
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Deputado pede ao MP prisão de participante de 'A Fazenda' por ameaça e maus tratos contra enteado
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- Com aprovação da Alesp, estado de São Paulo pode aderir ao Propag
- Seduc pretende substituir professores de educação especial por cuidadores sem formação
- Projeto que dá direito à merenda escolar a profissionais da educação avança na Alesp
- Solenidade homenageia Marco Nanini, grande ícone do teatro, cinema e da televisão brasileira
- Delegada Raquel Gallinati toma posse como deputada na Alesp
- Dezembro Vermelho: pesquisas de cura do HIV avançam em universidade pública paulista
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações