Um dia antes do projeto que suspende a aplicação do Enem ir à votação no Senado e ser aprovado por 72 votos a favor e só um contrário (o de Flávio Bolsonaro), o deputado Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi (ambos do PSOL) realizaram em 18/5 uma live com representantes de cursinhos populares que defendem o adiamento da prova.

"De 2,1 milhões de alunos cursando o último ano do ensino médio, 1,8 milhões estudam em escolas públicas e menos de 0,3 milhões na rede privada. "Se a data do Enem for mantida, serão eliminados 86% dos participantes", alertou o deputado.

Talita Amaro, coordenadora do Cursinho Popular Mafalda " que atende gratuitamente cerca de 300 estudantes na zona leste ", relatou que 25% de seus alunos perderam pelo menos metade da renda familiar com a pandemia. Por isso, o problema vai além de não haver aulas presenciais ou acesso à internet. "Estamos falando de, talvez, não ter comida na mesa."

Atuando na Rede Ubuntu Educação Popular " o nome remete ao forte conceito de comunidade da etnia bantu ", Rafael Cícero destacou que desde 2014, quando cinco cursinhos populares da zona sul se uniram para compartilhar suas melhores experiências, ele viu o número de estudantes negros e oriundos de escolas pública crescer nas universidades estaduais e federais, quase sempre por meio do Sisu. Ressaltou, porém, que o debate deve ir além do acesso ao ensino superior e do número de aprovados. "Apenas a inclusão desses alunos todos os sábados, em um coletivo de formação, já pode ser vista como um ótimo resultado. Estamos tirando muitos desses meninos da linha de tiro".