Opinião - Preocupante, mas não aterrorizante


07/02/2020 07:29 | Atividade Parlamentar | Gilmaci Santos*

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Muito se tem falado sobre os casos de coronavírus. Já ouvi de tudo, desde teorias da conspiração, de negação, fake news e até mesmo visões um tanto catastróficas. O cenário é realmente preocupante, porque estamos falando de uma "emergência de saúde global", termo utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) após a confirmação da morte de mais de 200 pessoas na China, local onde mais de 20 mil casos já foram registrados. Até o dia 5/2, quase 500 pessoas morreram por causa do vírus, todas elas na Ásia, sendo apenas um caso fora da China, esse confirmado recentemente nas Filipinas.

Se a situação é preocupante, por que não podemos considerá-la aterrorizante ou mesmo alarmante? Simplesmente porque o desespero nesse momento é tudo o que a população não pode ter, já que, historicamente, o pânico generalizado pode ocasionar uma espécie de "histeria em massa", chegando ao ponto de gerar as tão conhecidas fake news. O medo excessivo é extremamente maléfico nesse momento, mas a população não pode se descuidar.

O que sabemos até agora sobre esse novo vírus, é que um dos seus primeiros casos de contágio surgiu em dezembro do ano passado e que se trata de um novo vírus da família corona, causadora de outras infecções respiratórias. Análises cientificas publicadas recentemente revelaram que 80% do material genético do novo vírus é igual ao da síndrome respiratória aguda grave (SARS), tipo de coronavírus responsável por um surto da doença em 2002. No Brasil ainda não há nenhum caso confirmado, apenas suspeitas, 9 no total, pelo menos até o dia em que este artigo foi fechado. Os sintomas da doença também são bem conhecidos: febre, tosse e falta de ar. Já os cuidados se assemelham a outros relacionados a esse tipo de vírus: evitar o contato com pessoas doentes, lavar as mãos e cozinhar bem os alimentos.

Na minha opinião, o Brasil tem agido da melhor maneira possível com relação ao vírus, analisando os casos suspeitos e procurando manter a população informada e calma. Em 31/1/2020, foi publicado um decreto presidencial reativando um Grupo de Trabalho Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional que atuará no caso do novo coronavírus e que já atuou em outras situações semelhantes, como na pandemia de influenza, o Governo Federal também passou a atualizar diariamente as informações do vírus na Plataforma IVIS e, nessa semana, O Congresso Nacional aprovou o texto-base do Projeto de Lei n° 23/2020, de autoria do governo federal, que estabelece as medidas que serão adotadas para o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.

O texto, aprovado recentemente em Brasília, regulamenta algumas ações em casos de emergência para combater o coronavírus, como o isolamento, a quarentena, além da restrição excepcional e temporária de entrada e saída do país por rodovias, portos ou aeroportos. A aprovação do projeto é necessária porque a legislação brasileira ainda está defasada com relação aos instrumentos jurídicos e sanitários adequados para combater esse tipo de vírus. Tudo indica que a nova lei será útil no resgate de brasileiros que estão no exterior por conta do estado de emergência internacional.

Precisamos tomar as precauções necessárias, mas sem nos esquecermos que temos outros problemas de saúde tão graves quanto o coronavírus e que eles também não podem ser ignorados.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo Republicanos de São Paulo e 1º vice-presidente da Alesp.


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