Da assessoria da deputada Maria Lúcia PrandiEmbora a história retrate o 13 de maio como a data da libertação dos escravos, a maioria dos livros deixa de mostrar o dia seguinte dos negros, entregues à própria sorte, sem oportunidades de trabalho, sem moradia, perambulando famintos pelas ruas. Este será um dos enfoques do debate O Dia Seguinte à Abolição - Políticas de Ações Afirmativas, que a deputada Maria Lúcia Prandi promoverá, nesta sexta-feira (14/05), a partir das 14h30, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB - Praça José Bonifácio, 55, Santos). "A herança do passado escravista, o abandono dos negros pelo Estado, após a promulgação da Lei Áurea, e a hipócrita negação do racismo estão no centro das causas da exclusão da imensa maioria da parcela afrodescendente da população brasileira", enfatiza a deputada Prandi. Membro da Frente Parlamentar pela Igualdade Racial da Assembléia Legislativa, a parlamentar integrará a mesa de debates, ao lado de duas convidadas: a profa. dra. Denise Maria Botelho, do Projeto Geração XXI do Geledés - Instituto da Mulher Negra, advogada Maria da?e a Penha Guimarães, integrante da Comissão do Negro e Assuntos Antidiscriminatórios da OAB/SP. MazelasConforme enfatiza a deputada Prandi, todos os indicadores sociais atestam que inúmeras mazelas e absurda violação de direitos recaem sobre os afrodescendentes. "Precisamos encarar de frente o problema e promover ações que eliminem as desigualdades raciais no Brasil, que permeiam diretamente o imenso abismo sócio-econômico entre as parcelas mais ricas e as mais pobres da população brasileira", ressalta a Maria Lúcia.A parlamentar lembra que o Brasil possui o segundo maior contingente de população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria. "Aproximadamente 80 milhões de brasileiros têm ascendência africana. Metade dessa parcela é considerada pobre e tem menor oportunidade de ascensão social de que os brancos pobres", explica.A deputada Prandi acrescenta que o analfabetismo é duas vezes maior entre os negros, que têm dois anos a menos de escolaridade, em média. "Entre as mulheres negras, a discriminação é dupla, atingindo a questão racial e a de gênero", dispara Maria Lúcia. Na opinião da parlamentar, é preciso enfrentar a realidade com ações articuladas que envolvam diversos setores do Poder Público e da sociedade. CurrículosExemplifica dizendo que as ações devem incluir "desde a garantia da terra aos quilombolas, até a valorização da influência da raça negra no desenvolvimento do País, além da implementação de políticas afirmativas, como as cotas". Prandi defende, também, mudanças nos currículos escolares.Para a parlamentar, é fundamental que eles proporcionem uma visão positiva dos afrodescendentes na sociedade, "valorizando todos os aspectos da participação dos negros na construção do Brasil e despertando o entendimento sobre as razões que mantêm grande parte desses brasileiros à margem da sociedade". Segundo Maria Lúcia, esses são alguns passos para alicerçar um futuro onde não sejam mais necessárias políticas destinadas a grupos vítimas de alguma forma de preconceito.mlprandi@al.sp.gov.br