Opinião - Tráfico, drogas e raves


18/02/2011 15:50

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O problema das drogas é umas das maiores feridas da sociedade e deixou de ser uma situação vivida pelos outros ou pelo vizinho, e hoje é vivenciado por grande parte das famílias. Muitos jovens, além de se tornarem usuários se enveredam na vida do tráfico, estimulados pelo ganho rápido, e isso não apenas aqui na capital, no interior o tráfico tem sido a principal razão de adolescentes irem para a internação " a maior punição prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Segundo dados do Estado, em 2010, 47,1% dos garotos flagrados por tráfico cumpriram a medida em unidades no interior. Em São Paulo, apenas 13,3% foram internados por venda de drogas, atrás de outra razão campeã nas apreensões, o roubo. Já utilizei este espaço em outros momentos para expor minha opinião sobre a liberação do uso de drogas, e reafirmo aqui minha posição, ainda mais após me deparar com esses dados alarmantes. Liberar o uso de certos tipos de drogas não é a solução para conter o tráfico e muito menos a violência decorrente dele.

Hoje, boa parte da sociedade vive para consumir e se entreter, e um dos grupos que mais tem se apropriado do estilo de vida "sem limites" são os jovens e adolescentes. Os jovens que iniciam o consumo de drogas mesmo conhecendo os riscos desencadeados por ela acreditam demonstrar certa audácia, o que para eles parece ser algo compensador. No entanto, o que começa como um consumo voluntário e social pode ganhar um carácter compulsivo e em pouco tempo levar a total dependência. Neste momento, a sociedade precisa agir e se unir para encontrar soluções em curto e longo prazo. Não podemos aguardar que mais jovens somem a porcentagem de viciados ou traficantes.

Outra questão que precisa ser avaliada é o risco que alguns tipos de festas regadas a drogas podem trazer. No final do ano passado, o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, exibiu reportagem especial com uma investigação no submundo das festas com música eletrônica e brinquedos radicais. As chamadas raves podem ser até mesmo fatais, já que misturam música eletrônica no volume máximo, bebida à vontade, maconha, cocaína, ecstasy e, agora, brinquedos radicais. Os brinquedos já elevam os batimentos cardíacos, misturando drogas e bebidas isso fica ainda mais perigoso.

Em 2007, apresentei o Projeto de Lei 1.346/2007, que ainda está para ser votado aqui na Assembleia Legislativa e proíbe a realização de festas por mais de dez horas ininterruptas " existem raves de até 48 horas. A ideia é evitar excessos que podem até mesmo levar à morte, como o que ocorreu em abril de 2008. Na época um grupo de empresários organizou uma rave em Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo, só que nessa festa o estudante de direito Erick Esiquiel, de 20 anos, foi espancado e morto.

Hoje, festas como as raves têm servido como ponto de encontro entre usuários e traficantes. Raves, drogas e tráficos são assuntos que se misturam em alguns momentos e que precisam ser discutidos entre pais, educadores e autoridades. Não dá para ficar de braços cruzados enquanto jovens são ceifados, não podemos esperar que mais tragédias se repitam.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido. Participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento da Assembleia.

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