Seminário aponta parceria como estratégia para combater causas sociais da violência


10/11/2000 13:05

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O combate às causas sociais da violência - exclusão social, desemprego, uso de drogas - depende de ação conjunta do Estado e da sociedade, apontaram participantes do painel "Diagnóstico da Violência", realizado na manhã de hoje, 10/11, como parte do seminário "Segurança Pública: Caminhos e Perspectivas". O evento, realizado no Hall Monumental do Palácio 9 de Julho, é promovido pelo Fórum São Paulo Século XXI.

"O capital precisa assumir seu papel no provimento das necessidades sociais", alertou o professor Alaor Caffé Alves, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para ele, a atuação maior de empresas e empresários decorre do papel que o Estado passou a exercer nessa área - "mais regulador que interventor". "A inclusão não é apenas colocar o indivíduo no mercado; é preciso haver uma reestruturação mercantil, para que parte da riqueza tenha destinação social", completou.

O secretário da Assistência e Desenvolvimento Social, Edsom Ortega, disse que a ação conjunta entre as diversas secretarias e setores da sociedade deve voltar-se principalmente para áreas detectadas em pesquisa realizada por sua pasta. "Constatamos que 80% dos jovens envolvidos com a violência se originam de 30 municípios do Estado", revelou. Segundo o secretário, cidades com população e situação econômica semelhantes apresentam variações surpreendentes na correlação entre jovens e prática da violência. A diferença estaria nas condições de habitação, desemprego e tráfico de drogas apresentadas por esses locais, disse Ortega.

Ele destacou ainda a importância dos conselhos tutelares e comissões de direitos municipais, que seriam representantes do poder público e da sociedade nos municípios. "Uma agenda básica de diálogo do Estado com os municípios, para repasse de recursos, deve considerar a implantação desses organismos ", ele ponderou. Cerca de 220 municípios paulistas ainda não implantaram conselhos tutelares, revelou.

"A relação entre jovem e violência está antes da Febem", concluiu Ortega. Para fundamentar seu raciocínio, que ressalta as causas sociais da violência, ele lembrou que, dos 4.300 menores internados na Fundação para o Bem-Estar do Menor por determinação do Judiciário, apenas 83 estavam na entidade há um ano.

O painel foi mediado por Ana Sofia Schmidt, membro do Conselho Nacional de Política Criminal do Ministério da Justiça, e contou também com a participação de Isaura Oliveira, do Núcleo de Estudos da Violência da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Isaura destacou o resultado de pesquisa feita pela Faculdade de Serviço Social da PUC e pela Secretaria da Justiça, apontando a circunscrição da violência. "A maior parte dos envolvidos com a violência mata ou morre no mesmo local em que mora", disse.

alesp