O combate às causas sociais da violência - exclusão social, desemprego, uso de drogas - depende de ação conjunta do Estado e da sociedade, apontaram participantes do painel "Diagnóstico da Violência", realizado na manhã de hoje, 10/11, como parte do seminário "Segurança Pública: Caminhos e Perspectivas". O evento, realizado no Hall Monumental do Palácio 9 de Julho, é promovido pelo Fórum São Paulo Século XXI."O capital precisa assumir seu papel no provimento das necessidades sociais", alertou o professor Alaor Caffé Alves, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para ele, a atuação maior de empresas e empresários decorre do papel que o Estado passou a exercer nessa área - "mais regulador que interventor". "A inclusão não é apenas colocar o indivíduo no mercado; é preciso haver uma reestruturação mercantil, para que parte da riqueza tenha destinação social", completou.O secretário da Assistência e Desenvolvimento Social, Edsom Ortega, disse que a ação conjunta entre as diversas secretarias e setores da sociedade deve voltar-se principalmente para áreas detectadas em pesquisa realizada por sua pasta. "Constatamos que 80% dos jovens envolvidos com a violência se originam de 30 municípios do Estado", revelou. Segundo o secretário, cidades com população e situação econômica semelhantes apresentam variações surpreendentes na correlação entre jovens e prática da violência. A diferença estaria nas condições de habitação, desemprego e tráfico de drogas apresentadas por esses locais, disse Ortega.Ele destacou ainda a importância dos conselhos tutelares e comissões de direitos municipais, que seriam representantes do poder público e da sociedade nos municípios. "Uma agenda básica de diálogo do Estado com os municípios, para repasse de recursos, deve considerar a implantação desses organismos ", ele ponderou. Cerca de 220 municípios paulistas ainda não implantaram conselhos tutelares, revelou."A relação entre jovem e violência está antes da Febem", concluiu Ortega. Para fundamentar seu raciocínio, que ressalta as causas sociais da violência, ele lembrou que, dos 4.300 menores internados na Fundação para o Bem-Estar do Menor por determinação do Judiciário, apenas 83 estavam na entidade há um ano.O painel foi mediado por Ana Sofia Schmidt, membro do Conselho Nacional de Política Criminal do Ministério da Justiça, e contou também com a participação de Isaura Oliveira, do Núcleo de Estudos da Violência da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Isaura destacou o resultado de pesquisa feita pela Faculdade de Serviço Social da PUC e pela Secretaria da Justiça, apontando a circunscrição da violência. "A maior parte dos envolvidos com a violência mata ou morre no mesmo local em que mora", disse.