Opinião - Desemprego aumenta no setor sucroenergético


27/03/2014 11:08 | Welson Gasparini*

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O movimento pela revitalização do setor sucroenergético ganhou força, é inegável, em 2013, mas ainda há muito a ser feito devido a amarga realidade representada, neste início de 2014, pelo recrudescimento das demissões em metalúrgicas de Sertãozinho e, também, pela desativação da usina Jardest, em Jardinópolis, controlada pela multinacional francesa Louis Dreyfus Commodities. Foram, apenas neste mês de março e apenas na região de Ribeirão Preto, 880 postos de trabalho formais fechados; 880 famílias que se viram, do dia para a noite, desprovidas, talvez, da sua principal fonte de renda. Para o empresário preocupado apenas com números, um desempregado a mais ou a menos, não faz qualquer diferença; para quem perde o seu emprego, o seu ganha-pão, trata-se de uma tragédia, muitas vezes, irreversível.

Essa situação só vai mudar se o governo federal " pois o do Estado já fez o que lhe foi possível para aliviar a carga tributária do setor sucro-energético " pensar menos na política eleitoral e mais no futuro do país.Ao manter a remuneração do álcool atrelada ao da gasolina " e usando a gasolina como instrumento de controle da inflação " o governo conseguiu, praticamente, "quebrar" uma das principais empresas do país, a Petrobrás, cujo valor de mercado,nos últimos 4 anos, foi reduzido em cerca de 50%.

Vou tentar reforçar a atuação das frentes parlamentares (a exemplo das criadas, por iniciativa minha e do deputado Roberto Morais, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo; na Câmara Federal pelos deputados Arnaldo Jardim, Mendes Thame e Duarte Nogueira e na Câmara Municipal de Ribeirão Preto pelo vereador Mauricio Gasparini) para que elas ajam como fomentadoras da consciência de que, do jeito que está, é impossível continuar. Os números são alarmantes: nos últimos 3 anos, o consumo do alcool caiu 40% nos veículos que circulam em nosso País; despencou, justamente, devido a insistência do governo federal " contrariando o mais elementar bom senso " de fazer uso político do preço da gasolina.De 2006 a 2013, sob o controle do governo federal, o valor subiu apenas doze por cento nas bombas; como o preço do etanol está atrelado a 70% do valor pago pela gasolina.

Enquanto em 2009, 66% dos carros flex abasteciam com etanol, em 2013 esse índice caiu para 23%. Tudo isto, somado, colocou o setor sucroenergético do País em grave crise; nos últimos anos, 58 usinas (já incluindo a Jardest) encerraram suas atividades provocando enorme desemprego nas indústrias cujas atividades estão relacionadas a esse importante setor. Também levou prejuízo aos plantadores de cana, que perderam seus empregos e aos proprietários rurais, que ficaram com a produção sem destino e se perdendo no campo.

Não vou desistir desta luta em favor da região de Ribeirão Preto, de São Paulo e do Brasil enquanto o governo federal não deixar de lado sua omissão e passividade diante do drama vivido, sobretudo, pelos milhares de trabalhadores que perderam e continuarão perdendo seus empregos, agravando mais a gravidade da problemática social brasileira; mas que afeta, igualmente, os empresários que acreditaram na importância da produção do etanol para o País, tanto para a economia quanto para a melhoria das condições de meio ambiente. SE não houver, insisto, uma reação urgente, provavelmente outras usinas serão fechadas, outras indústrias reduzirão suas atividades e a escalada do desemprego, inclusive em empresas de terceirizações, atingirá níveis, verdadeiramente, alarmantes.

*Welson Gasparini deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp