Especialistas, parlamentares e mulheres se reuniram nesta quarta-feira (28/11), no Auditório Teotônio Vilela da Alesp, com o intuito de discutir sobre extra-teto e política fila-zero para pacientes com câncer de mama. A reunião ocorreu a pedidos do deputado Luiz Carlos Gondim (PTB), que apontou a oncologia não está recebendo a atenção requerida. "Solicitaremos ao Ministério da Saúde um extra-teto para o tratamento de câncer de mama, pois os tratamentos do processo são caros e estamos preocupados com a situação", ressaltou o parlamentar. O extra-teto se refere a uma verba maior voltada para, nesse caso, tratamentos e procedimentos relacionados ao câncer de mama. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), ocorrem por volta de 59 mil casos registrados de câncer de mama anualmente, fato que gera uma taxa de 56,2 casos a cada 100 mil mulheres. O deputado e mastologista Pedro Tobias (PSDB) ressaltou que "hoje, a meu ver, o problema de câncer de mama não é a espera para a cirurgia, mas sim para a radioterapia" pois, caso a paciente tenha tempo de espera maior que três meses para o início do tratamento, ele pode perder seu efeito". A Lei nº 12.732/2012 dispõe sobre o direito dos pacientes portadores de neoplasia maligna a iniciar tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 dias a partir de seu diagnóstico. A medida também recebe o nome de Fila-Zero, pois tem como propósito diminuir as filas para tratamentos e processos relacionados a cânceres. Clarisia Ramos, voluntária presidente da União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama (Unaccam), frisou que a busca do extra-teto é voltada para que mais pacientes possam ser operadas. Já sobre a fila-zero, Clarisia se direcionou ao processo que ocorre entre a mulher procurar ajuda médica e o diagnóstico. "Temos que solicitar uma lei fila-zero para o tempo entre a primeira consulta da paciente em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e seu diagnóstico. Hoje, o processo é difícil e demorado". A presidente da Associação Rosa Mulher, Beatriz Sakano, enfrentou um câncer de mama há dezessete anos. Como ex-paciente, sentiu a necessidade de fundar, junto a outras mulheres, um local onde possam se sentir apoiadas e lembrar que não podem viver a doença, que precisam tocar suas vidas. "Lá fazemos empréstimos de perucas, fazemos confecção e doação de próteses mamárias para àquelas que têm de retirar a mama, temos um grupo de apoio com psicólogos, cursos de artesanato. Estamos ali para dar apoio e ajudar a mulher acima de tudo". Dessa forma, o apoio emocional é essencial para que pacientes de cânceres enfrentem, de maneira mais branda, possíveis fases depressivas que podem ocorrer devido ao tratamento ostensivo. É o que defende a tanatologista (médica especialista em efeitos que provocam a morte no organismo) Jany Uchoa. "A pessoa diagnosticada passa por uma desestrutura emocional. Algo que pode levar a um processo de luto, que engloba algumas fases antes da aceitação. Dentre essas, encontra-se a depressão".