A Assembleia Legislativa e a saúde pública do Estado ao longo da história: Unicamp


21/05/2021 18:43 | Alesp e as instituições públicas de saúde | Maurícia Figueira - Foto: Caius Lucilius/HC Unicamp

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Vista aérea do Hospital de Clínicas - Campinas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2021/fg267317.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Logo no início da pandemia da Covid-19, os alunos das faculdades de Enfermagem e de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) criaram um serviço de telessaúde para passar orientações sobre a doença por meio do telefone.

Passado mais de um ano, o serviço está ativo e, além de divulgar informações científicas à população, auxilia pessoas com sintomas da Covid e familiares sobre os procedimentos a serem adotados. Todos os alunos passaram por capacitação do Grupo de Contingenciamento da Pandemia de Coronavírus da Unicamp.

Os voluntários também fazem reuniões semanais para discutir publicações científicas atuais. As dúvidas recebidas vão desde condutas a serem tomadas no caso de sintomáticos, até o uso correto de máscaras e orientações quanto a fake news.

O Hospital de Clínicas (HC) faz parte do complexo hospitalar da Unicamp e está vinculado à FCM da universidade. Segundo maior no ranking de hospitais públicos paulistas, o HC da Unicamp fez dois milhões de atendimentos em seis meses, segundo o Tribunal de Contas, em 2019. A instituição fica atrás somente do Hospital das Clínicas da USP.

Além de ser um dos maiores hospitais do país, o HC também é o embrião de uma das maiores universidades brasileiras, a Unicamp. Essas duas instituições vamos tratar nesta reportagem.

Criação

Em 1946, o jornal Diário do Povo, de Campinas, lançou a campanha para a criação de uma faculdade de medicina na cidade. A demanda pela expansão do ensino superior público levou a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a aprovar a Lei 161/1948, sobre a criação de estabelecimentos de ensino superior no interior paulista, entre elas uma faculdade de Direito em Campinas.

Em 1953, a Assembleia substituiu a faculdade de Direito pela de Medicina, com a Lei 2.154/1953, mas a faculdade ainda ficou só no papel. Finalmente, em 1958, o Parlamento aprovou o projeto de lei de autoria do então governador Jânio Quadros e, em 27 de novembro, foi promulgada a Lei 4.996/1958, criando a Faculdade de Medicina de Campinas.

A criação da Unicamp veio depois, em 1962, com a Lei 7.655/1962. Além de criar a Unicamp, a Lei 7.655 também vinculou a Faculdade de Medicina à universidade, revogando a Lei 4.996/1958.

Quatro anos depois de sua criação, a Faculdade de Medicina enfim teve sua aula inaugural em maio de 1963. As primeiras aulas aconteceram na Maternidade de Campinas, que emprestou parte de seu prédio à faculdade.

Em 1965, a instituição mudou a denominação para Faculdade de Ciências Médicas e se transferiu para a Santa Casa de Misericórdia de Campinas. O local ainda era provisório, mas mais estruturado do que o anterior.

A pedra fundamental da Unicamp foi lançada nessa mesma época, em outubro de 1966. Outra pedra fundamental foi lançada em 1975: a do Hospital de Clínicas. Os primeiros consultórios dos ambulatórios foram inaugurados em fevereiro de 1979, quando a Faculdade de Medicina ainda funcionava na Santa Casa. Em outubro de 1985, foi inaugurado o primeiro leito do HC e, em março de 1986, por fim, a FCM se mudou para o campus de Barão Geraldo, com instalações próprias.

Uma universidade cujo embrião foi a Faculdade de Medicina só poderia ser referência na área da saúde. A área hospitalar da Unicamp atende a uma população de mais de cinco milhões de pessoas da macrorregião de Campinas, com 86 municípios. Com atendimento 100% público, a instituição é mantida pelo orçamento da universidade e por verbas do SUS (Sistema Único de Saúde).

O HC também está entre os líderes em termos de citação científica. Segundo o Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha, o HC da Unicamp está entre os dez hospitais da América Latina com maiores citações científicas na internet.

O segmento da saúde da Unicamp é formado por um complexo hospitalar do qual fazem parte, além do HC, o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), o Hospital Estadual Sumaré (HES), o Hemocentro, o Gastrocentro e o Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação (Cepre).

Covid

O HC recebeu o primeiro caso suspeito no dia 16 de março de 2020, mas o primeiro paciente positivo foi confirmado doze dias depois. O hospital já estava preparado para a alta demanda da pandemia, pois tinha elaborado, em janeiro, o plano de contingência.

O HC foi escolhido pelo Centro de Contingência do Coronavírus, do governo do Estado, como uma das seis instituições a serem referência para tratamento de casos graves da doença, ao lado HC da USP, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, do HC de Ribeirão Preto, do Hospital de Base de São José do Rio Preto e do Hospital Emílio Ribas II, no Guarujá.

O HC recebeu, voluntariamente, assessoria de uma empresa de gestão de crises para ajudá-los a enfrentar a pandemia. O comitê de crise mapeou vulnerabilidades e preparou o hospital para receber os pacientes, separando o fluxo de pacientes com Covid-19 e sem a doença. No ano de 2020, o HC atendeu mais de 45 mil casos de urgência, sendo 3.381 de Covid-19 em adultos e 494 pediátricos.


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