115 anos após descoberta, doença de Chagas persiste e é tema de debate na Alesp

Em Audiência Pública promovida pela deputada Ana Perugini (PT), referências na área da Saúde e pacientes discutiram a respeito do cenário atual e formas de prevenção e tratamentos para erradicar a doença
24/06/2024 19:40 | Audiência Pública | Gustavo Oreb Martins - Fotos: Marco A. Cardelino

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Audiência 115 anos da doença de Chagas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2024/fg329219.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputada Ana Perugini<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2024/fg329220.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Pedro Albajar Viñas - OMS<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2024/fg329221.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Famosa pela transmissão por meio do inseto conhecido como "barbeiro", a doença descoberta por Carlos Chagas, que leva seu nome, ainda é motivo de alerta para as grandes organizações de Saúde do Brasil e do mundo, mesmo depois de 115 anos. Isso porque, ao longo desse período, mais aspectos a respeito da enfermidade foram revelados. Entre eles, a possibilidade de contaminações através de transfusão de sangue, ingestão de alimentos contaminados e transmissão congênita da mãe chagásica para o filho via placenta.

Observando esse crescente cenário, a deputada Ana Perugini (PT) trouxe, para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, uma audiência pública que reuniu pacientes da doença e estudiosos renomados do tema, com a finalidade de discutir possíveis novas medidas de combate e prevenção à patologia centenária.

"Nosso estado foi um dos pioneiros em adotar tratamentos para a doença no período em que foi descoberta. Hoje, há um crescimento preocupante no número de casos, e isso nos comove demais", afirmou a parlamentar organizadora do evento.

"Existem muitos aspectos da enfermidade que não são conhecidos pela população, sobretudo a respeito da sua transmissão. Por conta disso, promover essa discussão no Parlamento é fundamental. Não podemos ignorar de jeito nenhum", ressaltou Ana.

Novos desafios

Responsável por abrir os discursos, o médico e membro do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas na Organização Mundial da Saúde (OMS), Pedro Albajar Viñas, ressaltou que os desafios impostos pela doença de Chagas devem ser encarados numa perspectiva global. "Ao todo, são 44 países afetados diretamente e sabemos que existem mais, só não foram identificados ainda. São mais de 10 mil mortes anuais atribuídas somente a essa patologia. Enquanto falamos, estamos na cidade com o segundo maior aeroporto da América Latina, com um fluxo extraordinário de pessoas diariamente. Portanto, os cuidados nessa região devem ser redobrados", afirmou o especialista.

Além disso, Viñas apontou o fato de que, já na década de 1960, São Paulo tinha atividades práticas de controle e medicamentos antiparasitários sendo aplicados. Assim sendo, o Estado foi um dos pioneiros no tratamento da doença de Chagas em todo o mundo, não só no Brasil.

"Hoje, o desafio é outro: a doença é caríssima, tanto para as pessoas afetadas quanto para os sistemas de Saúde. Antigamente, a doença era descrita como mortal, mas, hoje em dia, a principal causa de mortalidade é a negligência, a dificuldade de realizar um diagnóstico precoce e um tratamento adequado para os pacientes. Nosso principal objetivo é combater essa desatenção, levando as demandas colhidas aqui até o G20, Assembleia Mundial e quem tiver o poder de mudar a realidade de milhões de pessoas", projetou o integrante da OMS.

Ações combativas

Em seguida, a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Alda Maria da Cruz, apontou para as implicações sociais da doença de Chagas, principalmente por sua transmissão congênita e pela proliferação em lugares com moradias irregulares.

"Por conta desses fatores, essa doença foi incluída no Programa Brasil Saudável do Ministério, que pretende erradicar 14 doenças que afetam gravemente a sociedade brasileira e retratam a desigualdade em todas as suas faces", destacou.

"Num futuro bem próximo, esperamos ter autonomia para produzir medicamentos e vacinas para eliminar esse problema que já dura tantas gerações. Nossos parlamentares têm papel fundamental no apoio a estes investimentos, que preservam o legado de Carlos Chagas e ajudam a população acometida pela enfermidade a ter uma vida digna e saudável", concluiu Alda.

Assista ao evento, na íntegra, na transmissão feita pela TV Alesp:



Confira mais imagens do evento: https://www.flickr.com/photos/assembleiasp/albums/72177720318194827/

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