Funcionários da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, TV Rá Tim Bum!, Rádio Cultura FM e a Jazz Sinfônica, entre outras, participaram de uma Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo nesta segunda-feira (25). A pauta do encontro foi a redução do orçamento encaminhado pelo Estado à Fundação, o que tem causado dificuldades de gestão e demissões de profissionais.

Para 2025, o cenário poderá ficar mais desafiador ainda, de acordo com Luiza Moraes, repórter da TV Cultura e representante dos funcionários no Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta. "Queremos que o governador volte atrás na decisão de estipular, para o ano que vem, zero de orçamento de manutenção da Fundação. Ou seja, se esse ano a gente teve R$ 12,8 milhões contingenciados e isso levou a 116 demissões, não sabemos o que esperar para o ano que vem", comentou.

Além da demissão de 116 funcionários no início de setembro, o contingenciamento dessa verba de manutenção causou, também, o cancelamento de oito programas da TV Cultura, que deixaram de ser produzidos e estão sendo represados, de acordo com os funcionários.

Readmissão de funcionários

A Audiência Pública foi promovida pelo deputado Carlos Giannazi (Psol). O parlamentar destacou que encaminhará o caso para o Ministério Público Estadual e também levará a conhecimento das comissões permanentes da Alesp. "Nós vamos exigir a imediata readmissão de todos os demitidos. O Governo não quer mais investir na TV Cultura, reduzindo o orçamento e dizendo que a emissora deve buscar recursos na iniciativa privada. Mas essa é uma TV pública, com uma característica educativa, e não privada", pontuou.

Para o parlamentar, não há falta de recursos no orçamento paulista. "Vamos aprovar o maior orçamento da história de São Paulo. Nunca tivemos uma arrecadação tão grande. São mais de R$ 370 bilhões, então não há falta de dinheiro", afirmou Giannazi.

Profissionais de Comunicação

A defasagem salarial também tem sido uma constante na história recente da Fundação Padre Anchieta, segundo Sérgio Ipoldo, presidente do Sindicato dos Radialistas de São Paulo. "O Governo quer eliminar a folha de pagamento dos 743 celetistas que trabalham na Fundação", relatou. Ainda de acordo com o sindicalista, atualmente, cerca de 800 profissionais, grande maioria deles da área de Comunicação, possuem contratos pejotizados, ou seja, sem vínculo trabalhista.

Paulo Zocchi, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), acrescentou que os jornalistas da TV Cultura e demais emissoras da Fundação tiveram o último reajuste salarial por meio de convenção coletiva em 2013. "De lá para cá, houve uma inflação de 85,6%. Com isso, faltam 48,9% de recomposição somente para que os salários dos jornalistas voltem ao patamar que tinham em dezembro de 2013", apontou.

Assista à Audiência, na íntegra, na transmissão realizada pela TV Alesp:

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