O Instituto do Legislativo Paulista (ILP), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), realizou na segunda-feira (25/3) a primeira palestra do ciclo ILP-Fapesp em 2019, que abordou e discutiu a divulgação de notícias falsas na ciência. O evento - voltado para a sociedade, legisladores, gestores públicos e interessados - teve o intuito de promover a divulgação científica de qualidade. "Nossa preocupação é chamar atenção para aspectos importantes da produção científica no Brasil e no mundo, de modo que a sociedade possa se apropriar dos conhecimentos", explicou Vinicius Schurgelies, diretor presidente do ILP. Publicadas frequentemente na Internet, as chamadas fake news, são propagadas principalmente em redes sociais. Segundo a Fapesp, essas informações erradas podem comprometer o desenvolvimento científico e prejudicar a execução de políticas públicas em áreas específicas e fundamentais para o funcionamento do estado. Francisco Belda, jornalista e professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) " campus de Bauru ", refletiu sobre a divulgação científica e a desinformação no meio digital, demonstrando como as "fake news" levam à perda da credibilidade jornalística. "É cada vez mais difícil distinguir a informação de qualidade do ruído. Quando se trata de ciência, essa distinção é ainda mais complicada. Os leitores acabam tomando como verdade informações de fontes pouco confiáveis ou opinando a partir de relatos mal apurados, de qualidade duvidosa", afirmou Belda. O Ministério da Saúde constatou que essas notíciais influenciaram campanhas de vacinação contra doenças no ano passado. "As "fake news" são um desserviço para as ações de vacinação. É importante deixarmos claro que vacina é um bem público", disse a médica Helena Sato, diretora técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde. Trabalhando para diminuir o problema na área da saúde, o governo federal lançou uma ação com vídeos didáticos contra a disseminação dessas notícias. O ministério também adotou uma ação nesse sentido, disponibilizando em seu site um contato para responder dúvidas sobre a veridicidade de tais informações. Concluindo o evento, Nathalia Taschner - pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) - argumentou que a legislação deve ser baseada nas ciências públicas. Em sua apresentação, mostrou a contradição entre algumas leis e os conceitos estabelecidos por profissionais da ciência. "É importante consultar a comunidade científica antes de formular políticas públicas", disse.