Nestas próximas semanas, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados. Depois de seis meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete? A entrevista desta edição é com o deputado Itamar Borges. Os últimos meses Tem sido uma experiência nova, já que é a primeira vez, desde que estou na Casa, que a Assembleia tem mais de 50% de renovação de colegas, com uma grande maioria, quase que a totalidade, sem experiência anterior na administração pública. Eles vieram para um novo desafio neste momento da situação política do país. Dentro desse contexto, você se depara com coisas importantes, sugestões boas que agregam valor, mas também com situações que não se adequam ao processo legislativo ou na relação parlamentar. Tem havido um aperfeiçoamento desse trabalho, mas acho que nós tivemos um saldo muito positivo. Não só de tramitações de iniciativa parlamentar, mas também de projetos importantes do Executivo que conseguimos votar, como a concessão do Ibirapuera, do zoológico, a extinção de quatro empresas e fusão de outras duas, além do incentivo no valor do combustível " para que haja um aumento de mais de 460 voos no Estado de São Paulo. Projetos, legado e futuro Um projeto que tenho um carinho especial é o programa de santas casas sustentáveis, que surgiu dentro de um debate de uma frente parlamentar de apoio às santas casas e hospitais filantrópicos que eu coordeno. Esse projeto garantiu mais repasses às instituições. Um outro projeto de nossa autoria e que eu destaco vai começar na prática em toda rede pública estadual de educação em 2020, é o programa de educação empreendedora, que vai levar mais de 2 mil professores capacitados para as escolas de período integral. É uma experiência semelhante a que vivi quando fui prefeito de Santa Fé e coloquei a disciplina de empreendedorismo na rede municipal. Cito ainda o Programa de Compras Governamentais, que aprovamos no fim do ano passado e foi sancionado neste ano pelo governador Doria. Ele faz com que o governo do Estado priorize as compras de até R$ 80 mil focando nas micro e pequenas empresas, para que elas tenham preferência. Das leis futuras eu destacaria o Plano Estadual de Desburocratização, que vem para simplificar a vida das empresas. Hoje, para você abrir uma empresa, é preciso ir em dez portas, voltar e aguardar os prazos. Para fechar é a mesma coisa. Estamos criando prazos e concentrando o atendimento em um único balcão, quase como um Poupatempo para o empresário. Quando eu fui prefeito, eu criei a sala do empreendedor e lá nós fazíamos isso. Por fim, quero destacar que surgiu nesta legislatura a Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista, uma atividade muito importante, já que apoia o setor que mais ativa a economia de São Paulo e do Brasil. O propósito é apoiar políticas aperfeiçoando projetos que vêm na contramão do bom andamento do setor (exemplos: transporte de animais vivos, o controle do javali e a proibição dos esportes equestres. Hoje os equipamentos são modernos e preparados para que o animal não seja castigado. Imagine o interior de São Paulo sem rodeios e as provas equestres. Precisamos dar segurança jurídica para essas questões. Inspiração e referências Eu nasci na política aqui em São Paulo, de uma escola que tinha grandes nomes como Franco Montoro, Orestes Quércia, Mário Covas, todos eles deixaram exemplos importantes na vida pública. Mas eu me inspiro e vim para a política motivado pelo meu pai, que nunca disputou nada, mas sempre gostou. Ele era um apaixonado pelo MDB, o manda-brasa da época dele, tanto que com 18 anos eu me filiei e estou até hoje no mesmo partido, no meu sétimo mandato. Fui vereador, prefeito três vezes e continuo renovado e com o mesmo entusiasmo. Estou sempre procurando me inspirar e aprender. Por exemplo, me inspiro na questão do microcrédito do Yunus, um indiano que recebeu o Nobel, com a atividade de microcrédito na Índia, que ajudou a gerar emprego e tirar muitas pessoas da miséria naquele país, além de experiências que eu trago da minha experiência como prefeito, quando eu tinha 24 anos de idade. Naquela oportunidade, eu quis conhecer boas experiências com muito dinheiro e boas experiências sem nenhum dinheiro. Eu fui para Curitiba conhecer Jaime Lerner, prefeito na época, que fez um trabalho fantástico. Procurei adaptar aquilo para a realidade local. Fui para o Amazonas, Piauí, Pernambuco ver cidades que estimularam a criatividade da população e trouxeram bons resultados, apesar da escassez de recursos. E neste período tive muitos bons exemplos, tanto na questão humana, como econômica e política, que acabaram nos direcionando. Estou no meu sétimo mandato aprendendo todo dia e vou continuar aprendendo, e procurando colocar em prática.