Nestas próximas semanas, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados. Depois de seis meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete? A entrevista desta edição é com o deputado Barros Munhoz. Os últimos meses Hoje eu vejo com ânimo uma turma nova que veio com vontade de mudar e de trabalhar, mas há também muito desperdício de tempo, muita abobrinha sendo valorizada e pouco resultado prático concreto de útil para a vida da população. Eu não estou desanimado, mas acho que isso pode melhorar e acredito que essa consciência esteja se materializando na Casa, não dá para continuar como está. Infelizmente o Legislativo - e quando falo legislativo incluo quase todas as câmaras municipais, quase todas as assembleias legislativas estaduais, a Câmara Federal e o Senado da República -, tem os regimentos internos obsoletos. E a legislação que atribui as competências aos estados, à União e aos municípios é extremamente arcaica, então é altamente frustrante. Projetos, legado e futuro Eu tive uma atuação na Constituinte estadual, presidi a comissão de sistematização. Tinham 34 deputados. Foi aquela que transformou 7.200 propostas no anteprojeto e elaborou o projeto da nova Constituição. Eu fui presidente da Casa quando fizemos a implantação da Prevcom, uma reforma da Previdência de São Paulo, um passo adiante gigantesco. Já tinha sido líder do governo quando criamos a SPprev, extinguimos o Ipesp, aprovei diversos planos de carreira, na presidência e como líder de governo. Eu diria ainda o Código Florestal de São Paulo, o Programa de Recuperação Ambiental, outro projeto de extrema dificuldade. Foram tantos outros, como a regulamentação da comercialização do agrotóxico no Estado. O meu legado é esse no Legislativo, mas o papel mais importante do deputado, até diante da fragilidade do Legislativo, é o de representação. A representação que ele faz das cidades onde ele é votado, das suas regiões ou dos segmentos. Tem quem represente aqui a Educação, tem quem represente o segmento da Saúde. Eu me sinto um dos representantes do agronegócio e um representante dos municípios. A luta é pela conquista de obras, pela liberação de verbas, pela concessão de emenda, de recursos, porque hoje os municípios estão de chapéu na mão para os estados e a União, e os estados estão de chapéu na mão para a União e a União está de chapéu na mão para o povo, para os bancos e para o exterior. Inspiração e referências Eu me inspiro fundamentalmente da política em Itamar Franco. Eu tive a honra gigantesca de ser seu ministro da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária. Eu me inspiro em André Franco Montoro, com quem convivi bastante, apesar da minha pouca idade, de quem o meu irmão foi companheiro fraterno e meu pai foi companheiro e correligionário por muitos e muitos anos. Tem muitos outros nomes que eu poderia mencionar, mas eu gostaria, para não fazer injustiça, ficar apenas nesses.