Muito se discute sobre a influência das HQs nos mais diversos campos do saber, porém, levando em consideração que as imagens são essenciais para estas narrativas, a ponto de, em diversas ocasiões, dispensarem o uso do texto escrito, muito se estranha a falta de discussões sobre a influência que os traços estilísticos dos desenhos exercem sobre o gênero. Portanto, foi justamente para enriquecer a leitura dos ávidos apreciadores de histórias em quadrinhos, que o autor e pesquisador de HQs, dr. Gazy Andraus, palestrou, nesta terça-feira, dia 30 de março, sobre os Quadrinhos Realistas (naturalistas) e sua multiculturalidade. Os quadrinhos realistas, ou naturalistas, são aqueles que empregam um traço mais verossímil e proporcional à anatomia humana. Segundo o professor Gazy, o traço realista é bem comum em HQs como as de super-heróis, tipo de história que voltou a se popularizar em larga escala devido à influência dos filmes produzidos por estúdios voltados à adaptação destas narrativas para as telas de cinema. Para melhor fixar as noções relativas aos quadrinhos realistas, Andraus contrastou-as com as HQs mais caricaturais e cartunescas, que, por sua vez, não possuem esse compromisso de representar os seus personagens respeitando os traços reais da anatomia humana. Exemplos de autores que empregam o traço naturalista são Frank Muller, criador da HQ "O Cavaleiro das Trevas", publicada pela primeira vez em 1986, e o quadrinista Alan Moore, autor da série "Watchman", lançada entre 1986 e 1987. Já Maurício de Sousa, responsável pela criação dos gibis da "Turma da Mônica", juntamente com Albert Uderzo e René Goscinny, autores da série de quadrinhos francesa "Asterix e Obelix", de 1959, são exemplos de quadrinistas que lançam mão de desenhos mais caricatos para representar as suas personagens. Há também, segundo o palestrante, quem faça uma mistura de técnicas para contar as suas histórias, como os autores de mangás (denominados mangakás), que fazem o uso de personagens com corpos mais realistas e faces mais caricaturadas. Já sobre a multiculturalidade, o professor expôs o engajamento de diversas HQs nas mais variadas questões existenciais e políticas, presente em obras como a série "Watchman", cujas narrativas se apropriam até mesmo de questões da física quântica. Por fim, entre muitos elogios à exposição feita pelo autor, os presentes na palestra puderam fazer perguntas e comentários sobre o tema abordado. Ademais, o evento foi introduzido e acompanhado pela analista legislativa do ILP, Paula Schneider, e pode ser conferido por meio do link https://www.youtube.com/watch?v=0TzI51ewPes .