Em ato solene realizado em ambiente virtual nesta segunda-feira (25/10), organizado pelo deputado Maurici (PT), parlamentares e educadores debateram as perspectivas para o sistema educacional brasileiro a partir da reforma do ensino médio proposta pelo Governo Federal. O "Novo Ensino Médio" foi aprovado em 2017 através da alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A partir de 2022, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) será alterada, assim como a carga horária. A mudança pretende ofertar novas possibilidades aos estudantes, como foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional. O responsável pela solenidade agradeceu a presença de todos e destacou a importância do tema. "Esse é o nosso terceiro encontro em que estamos dialogando sobre essa questão. Esse debate é fundamental porque define um projeto de país", disse. Evaldo Piolli, professor efetivo do Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais (Depase) da Unicamp, acredita que o "Novo Ensino Médio" seja parte de um projeto do Governo Federal de reformas, que, segundo o docente, são maléficas para o país. "A reforma do ensino médio vai dialogar com a reforma trabalhista, com a reforma da previdência e com a PEC do teto de gastos. Essa reforma, portanto, integra esse projeto amplo de formação de capital humano, que engendra uma ideia de profissionalização", falou. A doutora em educação e professora da PUC-SP, Branca Ponce, concordou com Piolli e criticou a priorização do currículo profissional na reforma do ensino médio. "Com esse modelo, a gente acelera a formação de capital humano e atropela uma educação que caminha em direção à cidadania", disse. Por fim, Victor Grampa, professor universitário e ex-presidente da Comissão Nacional do ProUni no Ministério da Educação, afirmou que o "Novo Ensino Médio" pretende alienar os estudantes ao alterar a grade curricular e voltar o foco para o desenvolvimento técnico e profissional. "É fomentada uma formação que tem como objetivo a entrada dos sujeitos no mercado de trabalho, garantido instrumentos formais de participação democrática, mas, aos poucos, a potencialidade de transformação política é minada", falou.