Dia Estadual de Lembrança do Holocausto: Sobrevivente fala da importância do combate à discriminação

O romeno Joshua Strul foi levado a um campo de concentração aos 12 anos de idade
30/01/2023 17:18 | Entrevista | Karina Freitas - Foto: Rodrigo Romeo

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Joshua Strul em entrevista ao Estúdio Alesp<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2023/fg294979.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Joshua Strul em entrevista ao Estúdio Alesp<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2023/fg294980.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

No último domingo, 29 de janeiro, foi celebrado o Dia Estadual de Lembrança do Holocausto. A data, que fica próxima ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, em 27 de janeiro, busca relembrar este episódio triste que marcou a história da humanidade.

As vítimas da Segunda Guerra Mundial são incontáveis, mas estima-se que pelo menos 6 milhões de vidas foram mortas só no Holocausto. Essas pessoas são lembradas até hoje por meio de livros, filmes, documentários e das memórias de vários sobreviventes, como uma forma de homenageá-los e de não esquecer toda a crueldade e injustiça que viveram.

O Holocausto

Durante o regime nazista, comandad por Adolf Hitler, na Segunda Guerra Mundial, judeus foram perseguidos e mortos. Entre 1941 e 1945, pessoas de origem judaica foram levadas para centros de extermínio de Auschwitz, Treblinka e Belzec, onde foram cometidos assassinatos em massa.

Já na União Soviética, os judeus foram mortos por meio de tiroteios. Segundo informações reunidas no site do World Jewish Congress (Congresso Judaico Mundial) em parceria com a Unesco, quase um terço das vítimas do Holocausto foram mortas onde viviam ou nas proximidades, sem transporte para guetos ou campos.

Sobreviventes

Estima-se que cerca de 20 mil a 25 mil judeus sobreviventes desembarcaram no Brasil durante e depois da guerra. Muitas dessas pessoas escolheram o Estado de São Paulo como um novo lar.

Joshua Strul, de 89 anos, tinha apenas 8 quando as tropas nazistas chegaram à Romênia. Aos 12 anos, ele foi levado a um campo de concentração. "Todos os judeus perderam seus direitos". "Passamos fome, frio, fomos confinados em barracões de gado, cobertos de folhas de zinco e de madeira, precariamente construídos", contou em entrevista ao programa "Estúdio Alesp".

Strul falou sobre as lembranças de momentos de horror que viveu naquela época. "Os judeus não tinham direito ao estudo, não podiam desempenhar suas profissões, foram expulsos das escolas. As escolas judaicas, que existiam nos vilarejos na Romênia, foram fechadas, sinagogas foram transformadas em estábulos, vandalizadas, e livros sagrados foram queimados", disse.

Ele foi um dos quatro sobreviventes do Holocausto homenageados durante a comemoração do aniversário da cidade de São Paulo, no último dia 25. "Eu agradeço ao povo de São Paulo por ter me recebido de braços abertos, ajudar a reconstruir a minha vida, nascer de novo", afirmou.

O romeno ainda enfatizou a importância de contar sua história. "Eu, como memória viva, sou obrigado a sair, divulgar o que é o regime maquiavélico nazista, para nunca mais acontecer isso com o nosso povo, com qualquer criança".

Joshua também demonstrou apoio ao PL 652/2021, de autoria do deputado Heni Ozi Cukier (Podemos), que proíbe o ensino ou a abordagem disciplinar do Holocausto sob os prismas do negacionismo ou revisionismo histórico. "Lamentavelmente, ainda existem muitos negacionistas". A proposta está sob análise das comissões da Casa Legislativa.

Por fim, ele falou da importância dos brasileiros se unirem para combater a discriminação e o extremismo "para construir um mundo melhor e destruir muros".

Memória

De acordo com o deputado Campos Machado (Avante), em justificativa à Lei 12.778/2007, que deu origem ao Dia Estadual de Lembrança ao Holocausto, é necessário "relembrar às novas gerações os horrores e dos martírios sofridos pelos seres humanos nas guerras e ensinar que não há espaço no mundo para tais atrocidades, que a paz desejada depende da educação e de informações maciças do que o homem foi e é capaz de fazer, mas que também é capaz de lutar, impedir não só a violação dos direitos fundamentais do homem, mas aperfeiçoar todos os seus mecanismos de concretização".

No bairro do Bom Retiro, no centro de São Paulo, ficam localizados em uma antiga Sinagoga, o Memorial da Imigração Judaica e o Memorial do Holocausto. Com entrada gratuita, é possível conhecer um acervo interativo e audiovisual que conta parte dessa trágica história.

alesp