FuncionAL - Com vocês, Cidão


30/07/2018 19:49 | Entrevista | Natacha Jones - Fotos: Carol Jacob

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Aparecido Manuel Pereira dos Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2018/fg226144.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Aparecido Manuel Pereira dos Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2018/fg226146.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Aparecido Manuel Pereira dos Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2018/fg226147.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Cidão, como é conhecido carinhosamente, aposenta-se no mês que vem e encerra um ciclo de vitórias e conquistas na Assembleia Legislativa. Uma vida marcada pelos números, cálculos, contratos, mas na qual fica difícil mensurar tamanha dedicação e paixão pelo serviço público. "Eu gosto da Alesp. Posso dizer que fui feliz durante todos esses anos e procurei fazer o meu trabalho por satisfação e não por obrigação."

Com apenas 21 anos, Aparecido Manuel Pereira dos Santos assumiu o cargo de técnico legislativo no Departamento de Finanças. À época, era visto como um jovem talento, mas foram muitos os desafios. Após quase 8 anos no setor, Cidão foi trabalhar na liderança partidária, onde aprendeu na prática o dia a dia da assessoria parlamentar. "Foi um momento de grande aprendizado, não só sobre questões técnicas, mas também os efeitos das políticas públicas. Entender as consequências da aprovação de um projeto de lei na vida das pessoas foi muito interessante", fala.

Em 1995, foi convidado para voltar ao Departamento de Finanças, só que agora em um cargo de chefia. "Aos 30 anos, já era um diretor de departamento. Também fui o primeiro negro a assumir esse cargo na Alesp. Precisava me colocar e mostrar que eu estava ali por ser competente", conta.

Cidão lembra que passou por cinco gestões de presidentes diferentes, cada uma com duração de dois anos. "A primeira, de 1995 a 1997 foi a mais difícil, porque foram vários acontecimentos ao mesmo tempo, que tiveram impacto na Alesp. Umas das mudanças mais importantes foi a modernização, ou seja, a inserção da tecnologia nas atividades diárias da administração."

Ele relata que quando a Mesa presidida por Ricardo Tripolli assumiu, estipulou uma grande reforma administrativa, que culminou com a Resolução 776/1996, criando um novo plano de carreira para os funcionários da Alesp. "Foi nessa época que recebemos os primeiros computadores e, ao mesmo tempo, o governo do Estado passou a fazer a gestão orçamentária e financeira unificada, com a implantação do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem). Foi um pacote de novidades", afirmou.

Cido também passou pela área parlamentar e pelo Departamento de Informática, mas todos os caminhos insistiam em levá-lo para a área de finanças. "Eu peguei muito gosto pela parte de administração financeira, porque tinha muita novidade e acabei voltando para o departamento mesmo sem ser diretor."

Em 1999, lá estava ele de novo como diretor do departamento, onde permaneceu até 2007, e de onde conta histórias de pioneirismo da Alesp. "Para você ter uma ideia de como o pessoal estava interessado, sugeriram uma coisa inédita no serviço público, que foram as plaquinhas de patrimônio com código de barras", disse.

Aparecido lembra que durante esse período as Mesas Diretoras ouviam bastante os administradores dos departamentos e, de certa forma, criou-se um grupo de gestão. "Cada área apresentava seus projetos para a Mesa, que dava a palavra final. Foi um período muito enriquecedor", afirmou.

Logo após o Plano Real, Cido e sua equipe enfrentaram as mudanças que vieram com as grandes privatizações do Estado e do país. "Tivemos de adequar todos os contratos, que antes eram feitos com empresas públicas, para o tipo de contrato com empresas privadas", afirmou.

Ele conta que novas práticas passaram a ser adotadas, como por exemplo o "trade-in" (entrega de um bem usado como parte do pagamento para receber outro novo). "Isso foi feito com os carros. Nós procuramos saber se algum órgão já tinha feito isso, e descobrimos que o Supremo Tribunal Federal (STF) já tinha. Entramos em contato com a área de finanças deles e aprendemos como fazer e, em seguida, aplicamos aqui."

Cooperativa da Alesp

Com conhecimentos vastos em finanças, proveniente da vida laboral e de suas formações - economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e ciências contábeis na Universidade Paulista (Unip) -, Cido ainda deixa um outro legado importante na Alesp: a Cooperativa de Crédito, da qual é um dos fundadores e atual diretor presidente.

Tudo começou em 2001, quando uma grande quantidade de funcionários da Casa estavam endividados com os bancos. A fim de minimizar ou resolver essa situação, 28 funcionários uniram-se à associação e ao sindicato para criarem a Cooperalesp. "Começamos com R$ 2,7 mil e hoje temos um patrimônio de R$ 15 milhões", afirma com orgulho.

Cido diz que hoje são mais de 700 associados e que pretendem aumentar a abrangência. "A ampliação já está sendo discutida com o Banco Central. Começaremos convidando os funcionários do Tribunal de Contas do Estado e do Município. A cooperativa funciona como banco, só que os juros são muito mais baixos e sem taxa alguma, por isso não pode estagnar."

São 35 anos de vida funcional, sendo 20 dedicados ao Departamento de Finanças. Hoje, Cido trabalha no Instituto do Legislativo Paulista (ILP), atendendo às demandas relacionadas a orçamento e contratos com parceiros.

Cido garante que, como aposentado, continuará a frequentar a Alesp para participar da cooperativa. "Pretendo voltar, ajudar na transição dos trabalhos. A gente passa boa parte da vida trabalhando, então acho que tem de ser feliz no lugar onde vai trabalhar. O sucesso e o dinheiro vêm a reboque", concluiu.


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