FuncionAL - Com vocês, Fernando


06/08/2018 13:24 | Entrevista | Da Redação - Fotos: Carol Jacob

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Fernando Cotti<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2018/fg226348.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Fernando Cotti<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2018/fg226350.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Com 51 anos de idade, ele é a terceira geração de servidores públicos da família a trabalhar na Assembleia Legislativa de São Paulo. Primeiro foi o avô, Alvimar de Castro Cotti, e depois o pai, Luiz Cotti. Em 1989, com apenas 21 anos, foi a vez de Fernando Cotti. Ele frequentava a Alesp quando o prédio funcionava no antigo Palácio das Indústrias, onde hoje é o Museu Catavento Cultural e Educacional.

Acompanhou a mudança da sede para o Palácio 9 de Julho e lembra dos relatos do pai e do avô, quando o parlamento praticamente fechou durante a ditadura. "Os funcionários concursados não foram demitidos porque tinham estabilidade. Após o golpe, com a existência dos deputados biônicos, houve uma reestruturação para que o legislativo voltasse a funcionar", conta.

Para Fernando, as lembranças do pai sobre o movimento das Diretas Já carregam um grande simbolismo. "A ditadura nos trouxe tempos de escuridão e de tristeza, que são, sem dúvida, piores que os de hoje. Mas foi por meio dos próprios políticos que demos a volta por cima da nossa história", disse.

Graduado em Processamento de Dados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Fernando atua no Departamento de Informática da Alesp desde sua criação. "No início foi um processo trabalhoso, construído pouco a pouco pela equipe. Puxamos muitos cabos, entregamos computadores nos setores, instalamos impressoras, antivírus. Eram finais de semana levando disquete de computador para instalar o Windows nos micros", lembra.

A área de informática foi a que mais cresceu nas últimas décadas. Ainda em 1997, Fernando acompanhou as primeiras compras e entregas de equipamentos. "Na época trabalhavam com Pentium 166 e Pentium 100, coisa muito antiga. Brinco hoje com a minha filha que o celular dela tem mais memória que os computadores que eu comecei a trabalhar", diz.

Fernando lembrou que, dos colegas que fizeram parte da sua primeira turma, só ficaram ele e Marcos Galeb. "Quando eu cheguei, ele já estava, e fez parte de um grupo de trabalho que estruturou como aconteceriam as coisas, que acabaram se tornando realidade quando editada a Resolução 776/1996, que criava o departamento de informática."

Ele ressalta o trabalho em equipe e valoriza cada uma das pessoas que passou pelo departamento. "Lamento que algumas não estejam mais, seja porque se aposentaram ou por terem ido para outras áreas. Seja qual for o motivo, o importante é que absolutamente todas foram muito importantes para essa evolução", afirma.

Atualmente, a informática da Casa possui duas grandes áreas: a de Desenvolvimento e a de Infraestrutura. "Por afinidade profissional acabei me envolvendo mais com a de infraestrutura. Somos uma equipe grande " porém, com menos gente do que gostaria", brinca. Ele afirma que a maior parte do trabalho é desenvolvido por profissionais concursados. "O que é muito bom, porque o concurso é bastante concorrido e recruta excelentes profissionais, já habilitados para esse serviço", diz.

O controle das máquinas da informática é feito pelo próprio departamento, por conta da dificuldade em identificar os tipos de aparelhos "que eram novidades para o restante da Casa". Um ato administrativo resolveu o problema. "Essa legislação atribui à Informática a responsabilidade de controle dos equipamentos de toda a Assembleia", esclarece.

Fernando orgulha-se porque todos os equipamentos são patrimônios da Alesp. "Não temos nada locado", afirma. São diversos servidores, com várias divisões virtuais em cada um. "Para os serviços de correio, por exemplo, há quatro ou cinco servidores: dois para armazenar caixas postais, um para fazer o envio e um para o recebimento", explica.

Periodicamente os diretores de departamento da Alesp reúnem-se para discutir o encaminhamento dos recursos disponíveis, de acordo com as respectivas demandas. A infraestrutura da Casa conta com centenas de estações de trabalho e mais de 4 mil usuários e contas de e-mail. Fernando lembrou o grande volume de demandas, que aumenta à medida que a tecnologia avança. "Temos cerca de 2,5 mil dispositivos conectados à rede por dia. Existem demandas, por exemplo, para realizar "live" e subir vídeos em tempo real, seja nos eventos que acontecem nos plenários, seja nos processos de votação, nas comissões e nos eventos que exigem alta qualidade de vídeo. Para administrar, coordenar e manter isso tudo no ar, é bastante difícil", explica.

Sobre o suporte técnico para viabilizar todas as demandas, Fernando explica que é preciso controlar o fluxo de cada área para privilegiar cada evento e garantir que ele saia com o sinal de melhor qualidade. "É um trabalho administrativo muito pesado e pode não ter todo o resultado garantido."

Fernando conta que o ambiente institucional possibilita que os funcionários tenham mais profundidade e conheçam mais os detalhes. "Às vezes sabem mais que o próprio fabricante do equipamento. A pessoa tem um "know-how" próprio, uma capacitação que adquire e vai acumulando, e então tem um aproveitamento maior sobre aquele determinado aparelho que o resto do mercado."

Ele admite que a tecnologia impõe investimentos constantes e entende que existem outras áreas da Casa que precisam ser contempladas com recursos. "Procuramos fazer sempre o melhor porque temos profissionais qualificados. O fato de as pessoas construírem carreiras aqui faz com que se tornem cada vez mais especialistas - o que não acontece quando você tem profissionais que prestam consultoria, porque sempre estão migrando de um lugar para outro", disse.

Ao longo de 20 anos, foram muitas as reformas de ambiente, que por vezes interromperam ou cortaram os fios e geraram a necessidade de uma nova administração e contratação de pontos de rede. "Então, viemos evoluindo, mas não com toda qualidade que deveríamos entregar. De todo modo, conseguimos manter o serviço administrativo de todo mundo e a manutenção de todos os sistemas da Casa, garantindo a execução do processo administrativo."

A área da informática não está apenas ligada às máquinas complexas e distantes da maioria da população. Fernando explica que se orgulha por auxiliar na comunicação da Alesp com o cidadão. "Melhorar esse contato enche os olhos de todos os colegas. Enriquecer a transmissão da informação e oferecer mais canais de interlocução melhoram a atenção das pessoas com o Parlamento. Quanto mais conhecerem a Casa, melhor escolherão os deputados. A nossa função é, também, dar essa transparência".

Com todas as dificuldades, Fernando orgulha-se do legado. "Olhamos para trás, depois de tanto esforço, e vemos que construímos efetivamente, com cada uma dessas peças, tijolinhos, uma obra bacana. Isso sim é vitória."

Já se passaram 30 anos e ele afirma que é um apaixonado pela Alesp. "Para mim sempre foi uma mãe. Sou grato por ter me dado a oportunidade de prover minha família, sem luxos, mas com dignidade. Em 30 anos, em cada sala de trabalho, certamente tivemos desventuras, mas muito mais alegrias que problemas", fala.

Por fim, concluiu: "Temos um clima bem companheiro, todos têm muito apreço um pelo outro, um envolvimento bacana, solidário mesmo. Como sempre tivemos muito trabalho, preferimos fazer isso rindo. É uma satisfação pessoal quando as coisas estão funcionando bem".


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