Médico alerta para o risco da queda da cobertura vacinal no Brasil

Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações foi entrevistado no Jornal da Rede Alesp desta terça-feira
27/04/2021 17:42 | Entrevista | Da redação

Compartilhar:




A Semana Mundial de Imunização, comemorada entre os dias 24 e 30 de abril, busca celebrar o método mais seguro e eficaz contra doenças, que são as vacinas.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, é preciso reforçar o valor das vacinas. "O que reforça a importância da vacina é que temos doenças erradicadas, por exemplo, a varíola, e eliminadas, como a poliomielite, a rubéola congênita, o sarampo já esteve eliminado e várias outras doenças controladas, que significa que, com a vacinação, conseguimos diminuir muito o número de casos, principalmente nesse grupo vulnerável que são as crianças", disse o médico.

Apesar de ser o principal método de combate, nos últimos anos a cobertura vacinal caiu bastante e isso permitiu que doenças eliminadas, como o sarampo, voltassem a ser uma ameaça. Juarez alerta para o risco da vacinação incorreta, principalmente durante a pandemia. "Antes da pandemia, observávamos uma diminuição da cobertura vacinal nos últimos cinco anos. Mesmo com o retorno do sarampo em 2018, as coberturas vacinais todas estavam abaixo do que gostaríamos. E a gente achava ruim 80%, 90%, todas abaixo dos 95% que a gente gostaria. Com a pandemia, os números caíram para 60%, 65%, que são coberturas muito baixas. O que isso significa? Risco da doença. Assim como aconteceu com o sarampo, outras podem voltar", afirmou.

Em tempos em que a ideia de vacinação tem sido difundida por conta da pandemia da Covid-19, Cunha alertou sobre o risco da vacinação incompleta, ou seja, com o total de doses previstas do imunizante. "A primeira dose leva a uma resposta imune e a segunda dose vai completar essa proteção. E é um recado muito importante que temos que dar. Nós já temos dados da vida real, inclusive do Brasil, que mostram a proteção das vacinas, inclusive para essa variante mais prevalente no país que é a P1. Temos que tomar a segunda dose, o esquema bem certo, que aí teremos a proteção", explicou.

Juarez Cunha deixou claro que, com relação ao coronavírus, a vacinação não irá eliminar a necessidade da manutenção dos cuidados para evitar a propagação da doença. "Fazer a vacina não significa que temos que abrir mão dos cuidados. Então seguir com o uso de máscara, lavagem das mãos, distanciamento social, evitar aglomeração, serão medidas que teremos que tomar por muito tempo para evitar a contaminação do vírus e evitar mortes", disse.


alesp