EM PALESTRA EXIBIDA PELO ILP, O RECURSO NARRATIVO "STORYTELLING" SE UNE AO FAZER POLÍTICO.

O evento teve como palestrante Kleber Nogueira Carrilho que, ao longo de sua exposição, interagiu diretamente com os participantes por meio do chat.
20/05/2021 14:50 | on-line | Rafael Ferreira de Sousa

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Storytelling é um termo de origem inglesa que nomeia a prática de contar uma história relevante a partir do bom uso do aparato narrativo que, por sua vez, garante a atenção do interlocutor. Pensar em storytelling pode fazer com que, facilmente, nos voltemos ao período clássico da democracia ateniense, o qual ainda não havia dado a atual acepção pejorativa ao termo demagogia. De acordo com o verbete "Demagogia", escrito por Rita Freitas, no Dicionário de Conceitos Políticos do ILP, o objetivo do demagogo era guiar os cidadãos da recém-fundada democracia grega e representá-los, de modo a impedir que uma parte da população ficasse ausente das decisões políticas. Conclui-se, tendo essa definição em mente, que um líder político pode e deve fazer um bom uso do recurso de storytelling para que possa guiar o seu povo de maneira ética e transparente.

O ILP, nesta terça-feira, dia 19 de maio, recebeu o doutor em Comunicação Social, Kleber Nogueira Carrilho, para apresentar uma palestra sobre o tema "Storytelling e projetos políticos - como construir relevância na construção da liderança", que procurou justamente discorrer sobre o papel fundamental da referida prática no contexto de construção de uma liderança efetiva. O evento foi transmitido pelo nosso canal oficial do YouTube e foi mediado pela analista legislativa do ILP, Paula Schneider.

"Sempre estamos contanto uma história", declarou Carrilho no início de sua exposição. Segundo o palestrante, um projeto político só faz sentido para uma pessoa quando esta consegue se inserir em seu processo narrativo. Portanto, nas palavras do profissional, a construção da relevância de um líder depende da relação que este construirá com os seus interlocutores.

Em seguida, Carrilho lançou a seguinte pergunta: "por que [enquanto humanidade] fazemos política?". O professor explicitou que é intrínseco ao ser humano a vivência em grupo, o que, por si só, exige uma organização dos grupos sociais. De maneira básica, duas partes compõem tal organização: a responsável por serviços de ordem econômica, alimentícia, médica etc., e a encarregada de serviços de ordem organizacional, e é justamente desta que surge a política.

Portanto, duas necessidades se inserem no componente humano: a de contar histórias e a de fazer política. Juntar esses dois fatores, como dito pelo palestrante, é o ideal quando falamos de projetos com potencial transformador para a sociedade. Ademais, pensar em política envolve, quase de maneira imediata, a figura de um líder, que terá o papel de organizar as pessoas e as demandas. "Ele desenvolve um acordo entre as diferentes expectativas", alegou o palestrante sobre o papel de liderança.

O storytelling entra em cena a partir do momento em que um líder só será aceito nesta função se disser, de maneira objetiva e clara, o motivo que o levou a querer tomar este papel para si.

O recurso narrativo, de acordo com Kleber, se justapõe com a política quando o representante necessita se voltar à cronologia de presente, passado e futuro. Isso quer dizer que um bom político precisa ter um significativo conhecimento da organização social presente e passada para que, assim, possa projetar novas expectativas para o futuro.

Além disso, Carrilho foi bem enfático nas vezes em que afirmou que o storytelling, por mais que a tradução literal nos dê esta ideia, não se trata apenas de contar, mas também de ouvir o referido público e alinhar ambas as narrativas, para que, por meio de um processo de identificação, a liderança possa se efetivar e cumprir com seus objetivos.

Para conferir a palestra abordada nesta matéria, acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=qb6j5M87CJc. Nosso Dicionário de Conceitos Políticos está disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/bibliotecaDigital/24369_arquivo.pdf

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