Confira o bate-papo com a deputada Erica Malunguinho


01/08/2019 14:32 | Diga Deputada | Manuela Sá - Fotos: Carol Jacob

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	Érica Malunguinho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2019/fg236978.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Érica Malunguinho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2019/fg236852.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Érica Malunguinho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2019/fg236853.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Érica Malunguinho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2019/fg236854.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Érica Malunguinho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2019/fg236855.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Érica Malunguinho	<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2019/fg236875.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nestes próximos dias, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados.

Depois de quatro meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete?

A entrevista desta edição é com a deputada Erica Malunguinho.

Os últimos quatro meses

O que eu não esperava, e que é uma análise importante, é que há muita humanidade na Alesp. Falo, obviamente, de alguns parlamentares e de muita gente que trabalha na Casa. As pessoas de fora têm uma observação daqui como a forma que isto foi projetado para a sociedade: um lugar rígido, duro, patriarcal, correspondente a todas as violências desta estrutura. Patriarcal, misógina, de machismo, racismo, lgbtfobia. As instituições não fizeram questão de desconstruir isto e quando eu cheguei aqui, percebi que existe essa humanidade, este lugar de pessoas muito acolhedoras, e que são muito honestas nas relações cotidianas. Por outro lado, muito do que imaginava se confirma e infelizmente percebo que existem algumas movimentações que não estão efetivamente preocupadas com a melhora de vida das pessoas. É muito além do posicionamento político, de ser de esquerda ou de direita. Eu sinto que há "desimportância" com certas vidas, pelas falas realizadas no Plenário diversas vezes. Falam que precisam matar pessoas. Eu não estou defendendo pessoas que cometem infrações ou crimes, mas você defender publicamente que pessoas precisam morrer é a confirmação da "desimportância" da vida humana. Imagino um discurso positivo em relação à criminalidade pensando em como reduzir desigualdades, como ter políticas de diminuição da violência a partir da redução da desigualdade. Oferecendo mais acesso à renda, trabalho, moradia, e não projetando e incentivando esta guerra que está colocada socialmente.

Projetos, legado e futuro

A nossa luta é pela desconstrução das violências estruturais, e sabemos que elas estão alocadas em determinados grupos. Esses fundamentos não são pautas e não são recortes de uma sociedade, são de raça e de gênero. É uma expectativa do sonho, realista, de que a gente projeta neste trabalho a desconstrução do racismo, do machismo e da lgbtfobia, uma vez que a gente entende que a desigualdade está alicercada neste lugar. Eu acho estranho quando as pessoas falam "por moradia, por educação" (...) Isto não funciona, porque atende gente específica, e a maioria destas pessoas que são atendidas pelo sistema público são negras, que foram empobrecidas. indígenas; em grande parte, mulheres. Desconstruir o racismo é desconstruir a desigualdade. Acho ruim quando as pessoas acham que estas são as minhas pautas, porque na verdade são os meus fundamentos. Mas isso não diz respeito a esta população em si, é sobre esta população, mas é para a melhora da sociedade. Se as coisas melhorarem para estas pessoas, consequentemente melhora para todo mundo. A violência que incide sobre estes corpos, volta para a sociedade de diversas formas. Minha expectativa é que o olhar do Poder Público e da sociedade se volte para esta economia, que não é a economia dura e seca, dos conglomerados empresariais.

Inspiração e referências

Seria impossível citar um nome, já que as minhas referências são todas de histórias de luta por emancipação e por liberdade. Somos forjadas dentro da sociabilidade e dentro da sensibilidade das relações que nos movem na vida. Há livros, filmes, pessoas particulares e uma longa historicidade. Se eu estou discutindo raça, é porque existe um projeto que "racializou" as pessoas. É um projeto racista que definiu e distinguiu as pessoas por raça, e isso diz respeito diretamente à minha história, aos meus ancestrais, avós, bisavós, que foram condicionados a este lugar e que me trouxeram a esta reflexão. Trata-se de um legado histórico. Posso dizer que todas as lutas quilombolas, os movimentos culturais, de maracatu, samba, maculelê, afoxé, candomblé, os grandes movimentos de independência e de libertação do continente africano, a luta do Haiti. São muitas as histórias. O legado destas pessoas chegou até mim. Eu me sentiria muito injusta de falar um nome porque são muitos. Minha inspiração vem de todas as pessoas que tiveram seus nomes arrancados, as que não tem nomes e só são números para as estatísticas. Elas são pessoas dotadas de humanidade e que me inspiram, para que suas vidas não sejam colocadas mais unicamente neste lugar de estatística.

alesp