Uma audiência pública na Assembleia paulista discutiu os ataques à bomba e gás de pimenta que aconteceram a um estabelecimento comercial no centro de São Paulo no início de setembro. O restaurante Al Janiah foi construído por refugiados da guerra da síria e por militantes do movimento Palestina para Todos. De acordo com Soraya Misler, jornalista palestina, que representou o Al Janiah na reunião, os imigrantes querem viver com dignidade e o ataque mostrou a situação em que vivem atualmente. "Queremos ter trabalho e possibilidade de viver aqui enquanto não podemos voltar para nossa terra. A partir desse ataque, a gente pode avaliar a situação dos palestinos e refugiados em geral. As pessoas não podem ver com estranhamento os refugiados e esse encontro aqui é importante para, quem sabe, se criar uma frente parlamentar em defesa desse povo", argumentou. Para a antropóloga e professora de psicologia na USP de Ribeirão Preto, Francirosy Barbosa, é preciso entender o contexto destes ataques. "Temos que retomar essa discussão pelos direitos humanos, combate ao racismo. A grande finalidade é construir esse debate de um Brasil plural. Nosso país sempre representou a diversidade". O atentado ao restaurante é tratado pelas autoridades como crime de intolerância e xenofobia. Os deputados da Alesp estudam a criação de um projeto que garanta a proteção dos refugiados e estrangeiros em situação de risco, como explicou a deputada Beth Sahão (PT). "A Assembleia tem a obrigação de discutir esse assunto, afinal de contas aconteceu aqui na capital. Que dessa reunião possam sair algumas alternativas e encaminhamentos para evitar atitudes de racismo, discriminação e intolerância. No Congresso Nacional está em discussão um substitutivo do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB de Pernambuco), ao projeto que simplifica visto temporário para intercambistas estrangeiros. Se for aprovado, o dispositivo irá alterar partes importantes da Lei de Migração de 2017.